José do Egito (I)
Esta é a história de José tal como está contada nos capítulos 37 a 50 de Gênesis, o primeiro livro da Bíblia.
1. Filho predileto e sonhador.
José foi o décimo primeiro filho homem de Jacó. Benjamim, nascido posteriormente, foi o décimo segundo e o último. José e Benjamim foram os únicos filhos de Jacó com Raquel (Gn 30.22-24; 35.16-18).
“Tendo José dezessete anos, apascentava os rebanhos com seus irmãos; sendo ainda jovem, acompanhava os filhos de Bila e os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e trazia más notícias deles a seu pai. Ora, Israel amava mais a José que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice (Gn 37.3). Além disso, José, assim como Benjamim, nasceu de Raquel, sua esposa mais amada” (Gn 29.30; 30.22-24; 35.16-18; 37.3).
A predileção de Jacó por José pode ter sido estimulada também pelo próprio caráter de José. Enquanto esteve em casa, José foi um filho obediente e serviçal (Gn 37.13). Posteriormente, primeiro como escravo, depois como prisioneiro e, então, como governador do Egito, José revelaria um caráter exemplar. Ele herdou as melhores qualidades de Abraão, seu bisavô, de Isaque, seu avô, e de Jacó, seu pai.
Os irmãos de José, ao contrário, em várias circunstâncias, revelaram um mau caráter. Tinham ódio e ciúmes de José, não somente por ser ele o predileto do pai, mas também porque José contava-lhes uns sonhos que pareciam indicar que seus irmãos e pais se inclinariam perante ele, um dia (Gn 37.5-11).
2. Vendido pelos irmãos.
“Foram os irmãos apascentar o rebanho do pai, em Siquém.” José era um jovem de 17 anos. Jacó (que é Israel) ordenou-lhe que fosse ver como estavam os irmãos, em Siquém. José seguiu atrás dos irmãos e os achou em Dotã, um pouco acima de Siquem. Os irmãos conspiraram contra ele, para o matar. Rubem, o mais velho, salvou-o sugerindo que o lançassem numa cisterna, o que fizeram. Rubem tencionava restituí-lo ao pai, posteriormente.
José, no fundo do poço, angustiou-se, chorou, pediu aos irmãos que não o abandonassem ali. Tudo em vão (Gn 42.21). Indiferentes, seus irmãos “sentaram-se para comer pão …”. Foi quando viram aproximar-se uma caravana de ismaelitas (também chamados de midianitas). Os irmãos, então, resolveram tirar José do poço e vendê-lo como escravo àqueles mercadores. Rúben não estava por perto no momento. Quando chegou e viu o que os irmãos tinham feito, rasgou as próprias vestes, angustiado. Que haveriam de dizer ao velho, em Hebrom? Porém, os irmãos acharam uma saída: “…tomaram a túnica de José, mataram um bode e a molharam no sangue. E enviaram a túnica … a seu pai, e lhe disseram: Achamos isto; vê se é ou não a túnica de teu filho” (Gn 37.12-35). Que frieza! Que maldade!
3. José na casa de Potifar.
Seguindo para o sul, pela rota comercial, a caravana de ismaelitas passou perto de Hebrom, onde viviam Jacó e sua família. Podemos imaginar a tristeza de José, manietado como escravo, passando tão perto de casa, do pai, de Benjamim… Talvez pudesse até ver, à distância, as tendas e os pastos da família… Ah, se pudesse gritar, sair correndo!
No Egito, José foi vendido a Potifar, oficial do Faraó, comandante da guarda. Na casa de Potifar, ele ficou exposto a muitas e graves tentações. Os egípcios eram extremamente idólatras. Potifar trabalhava para o Faraó, para o governo, como diríamos. Tinha em casa as suas festas e os seus rituais. José, entretanto, permaneceu humilde e fiel ao Deus de Israel.
“O Senhor era com José que veio a ser homem próspero… Vendo Potifar que o Senhor era com ele, e que tudo o que ele fazia o Senhor prosperava em suas mãos, logrou José mercê perante ele, a quem servia; e ele o pôs por mordomo de sua casa, e lhe passou às mãos tudo o que tinha” (Gn 39.1-6).
Aconteceu, porém, que a mulher de Potifar “pôs os olhos em José e lhe disse: Deita-te comigo. Ele, porém, recusou, e disse à mulher do seu senhor: … Como cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus?”
Isto se repetiu por vários dias. “Sucedeu que, certo dia, veio ele à casa para atender aos negócios. Então ela o pegou pelas vestes e lhe disse: Deita-te comigo; ele, porém, deixando as vestes nas mãos dela, fugiu.” Ela o caluniou perante o seu senhor, e este o lançou no cárcere (Gn 39.7-20).
4. José na prisão.
Também na prisão “o Senhor porém era com José…” O carcereiro confiou a José a guarda dos presos, e a administração da prisão (Gn 39.20-23). Um dia, José interpretou os sonhos de dois prisioneiros, ex-oficiais do Faraó, ou sejam, seu copeiro-chefe e seu padeiro-chefe. Exatamente como disse José, interpretando aqueles sonhos, o primeiro foi restituído à sua função e o segundo foi morto. José pediu ao copeiro-chefe que falasse com o Faraó a seu respeito. Mas o copeiro não se lembrou de José, que continuou preso (Gn 40.1-23).
5. José interpreta os sonhos do Faraó.
Passados mais dois anos, o próprio Faraó teve dois sonhos: sete vacas gordas e sete vacas magras subiam do rio Nilo. As vacas magras comiam as gordas. Depois, sete espigas, cheias e boas, saíam da mesma haste. Após elas, nasceram sete espigas secas, mirradas. Estas devoraram as primeiras.
Os magos do Egito não puderam interpretar os sonhos do Faraó. O copeiro-chefe, então, se lembrou de José e da interpretação que este dera ao seu sonho na prisão. Faraó mandou vir José, o qual lhe interpretou os sonhos: haveria sete anos de grande fartura no Egito, seguidos de sete anos de fome (Gn 41.1-32).
6. José torna-se governador do Egito.
José não somente interpretou os sonhos do Faraó, mas também aconselhou-o a nomear administradores que ajuntassem boa parte de toda a colheita do Egito nos anos de fartura e, deste modo, provessem mantimento para os anos de fome. Faraó acolheu o conselho de José e nomeou o próprio José como Governador do Egito (Gn 41.34-44). “E a José chamou Faraó de Zafenate-Panéia, e lhe deu por mulher a Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om… Era José da idade de 30 anos…” (Gn 41.45-46). José e sua esposa egípcia tiveram dois filhos, Manassés e Efraim (Gn 41.50-52).