Amor agradecido
A história da mulher que ungiu os pés de Jesus com um precioso ungüento é bastante conhecida. Está registrada em Lucas 7.36-50. Tem tudo a ver com um sincero e profundo amor a Jesus por seu perdão e bênção. É também uma advertência contra as atividades religiosas oportunistas e egoístas.
Tudo aconteceu durante um jantar tipicamente oriental. Os personagens envolvidos são Jesus, um fariseu chamado Simão, que convidou Jesus para o jantar, e a mulher que entrou sem ser convidada e ungiu os pés de Jesus. Jesus comparou os procedimentos e motivos do fariseu (muito religioso) e da mulher (muito pecadora). Na avaliação de Jesus, o fariseu perdeu pontos, a pecadora ganhou pontos… Vamos ver por quê.
Simão o fariseu.
Simão convidou Jesus para um jantar em sua casa. Por que motivo? Com que intenção? Ele não cria em Jesus, afinal (v. 39, “Se este fora profeta…); seu trato com Jesus era formal (v.40); ele promoveu um jantar pomposo, mas negligenciou coisas mínimas que poderiam indicar atenção e amizade (vs.44-46); ele desprezou a mulher que entrou em sua casa e chorou aos pés de Jesus; chamando-a de pecadora.
Por que, então, este homem ofereceu um banquete a Jesus? Suas atitudes parecem indicar que o fez apenas socialmente, tendo em vista a popularidade de Jesus. Pode ter sido também por mera curiosidade. Quantos em nossos dias dão uma de Simão. Promovem ou participam de cerimônias religiosas, ditas cristãs, somente por motivos sociais, ou por curiosidade. Não seria o caso de tantos batizados, casamentos, ações de graças etc.? Isto porque ou quando tais cerimônias não resultam de reconhecimento, de fé, de gratidão, e desejo sincero de seguir e servir ao Senhor Jesus!
A mulher pecadora.
Não temos o seu nome. Somente este qualificativo: “pecadora”. Foi Simão quem a identificou como tal, esquecendo-se de que ele também era um “pecador”. Jesus acolheu a ambos.
Que fez a mulher? Ela entrou na casa de Simão, chorou aos pés de Jesus e ungiu-os com precioso ungüento. Com que sentimentos? Ela o fez: humildemente, sem aparato ou ostentação; chorosa, arrependida dos seus pecados; carinhosamente, beijando os pés do Senhor; agradecida, ungindo os pés de Jesus com ungüento (v. 38). O texto parece indicar que esta mulher anônima, pecadora, tinha sido perdoada e abençoada por Jesus em uma ocasião anterior. Sua homenagem ao Senhor foi por gratidão. Todavia, o Senhor a abençoaria ainda mais.
Os dois devedores.
Jesus pôs lado a lado os dois pecadores, comparou suas homenagens, seu serviço, suas atitudes, e censurou o fariseu (vs.44-46). As diferenças resultaram das convicções de cada um a respeito de si mesmos e a respeito de Jesus. É o que se percebe na parábola que Jesus contou a Simão, em seguida: “Certo credor tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos denários, e o outro cinquenta. Não tendo nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Qual deles, portanto, o amará mais?” (vs.41-42). Note:
- Jesus mencionou dois devedores. Ele queria que Simão reconhecesse os próprios pecados, ainda que, supostamente, menos graves que os da mulher.
- Jesus declarou que nenhum dos dois devedores tinha com que pagar a dívida respectiva. Pecados são dívidas insaldáveis… pelos próprios pecadores. A única esperança é o perdão do divino Credor.
- Jesus declarou que o credor perdoou a ambos os devedores. Deus não faz acepção de pessoas; perdoa “grandes” e “pequenos” pecadores, quando se arrependem e crêem em Cristo que morreu por seus pecados, pagou sua dívida.
- A pergunta de Jesus a Simão, “Qual deles o amará mais?”, teve o propósito de ensinar àquele fariseu impenitente que amor e serviço, verdadeira religiosidade seguem o reconhecimento de pecados, a confissão, a fé e o perdão. Simão respondeu com o óbvio: “Aquele a quem mais perdoou”. E Jesus acrescentou, referindo-se à mulher: “Por isso te digo: Perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama” (v.47).
A resposta do fariseu, “Aquele a quem mais perdoou”, assim como a segunda parte deste versículo, “aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama” indicam que o perdão vem primeiro e é gracioso, imerecido. Amor e serviço agradecido seguem o perdão. Todavia, criam condições para mais perdão, mais bênçãos, plena salvação. Depois de tudo, Jesus disse à mulher: “Perdoados são os teus pecados” e “A tua fé te salvou; vai-te em paz” (vs. 48,50).
Simão, o fariseu… A mulher pecadora… Com qual dos dois nos identificamos melhor? A religiosidade do fariseu, formal, de eventos, deixou-o sem arrependimento, sem perdão, sem amor, sem salvação. A mulher pecadora reconheceu que não tinha com que pagar; confiou na graça e na misericórdia do Salvador Maravilhoso e foi perdoada e salva. Quanto amor e gratidão encheram o seu coração!
Pr. Éber Lenz César (eberlenzcesar@gmail.com)