I. Quem, de fato, é o senhor da sua vida?
O que você diria se alguém lhe perguntasse o que Cristo significa para você? Que diferença ele faz em sua vida? Não muita, certamente, a menos que você creia nele como seu Salvador e o tenha como seu Senhor. Destaco a palavra Senhor porque muitos cristãos confessam Jesus Cristo como seu Salvador, mas, na prática, não se submetem ao seu Senhorio. Além disso, costumam pensar na salvação apenas como absolvição dos seus pecados e garantia de ingresso no céu, depois da morte. Entretanto a salvação que nos é oferecida em Cristo ou por Cristo é muito mais do que isto. Implica o que Jesus chamou de “novo nascimento” e os apóstolos referiram como “regeneração”: um novo começo, um novo padrão de vida, conformado à vontade de Deus e aos ensinos de Cristo. Daí a importância de um entendimento bíblico e prático do que seja submeter-se, sem reservas e de bom grado, ao Senhorio de Jesus Cristo. Os que creem em Jesus, têm-no como seu Salvador e Senhor. Confiam nele não só para o perdão dos seus pecados e ingresso no céu, mas também para direção de sua vida, em todas as áreas. E mais, dedicam-se voluntária e alegremente ao seu serviço, à sua causa.
Nos tempos do Velho Testamento, entre as muitas leis dadas por Deus a Moisés, havia uma que regulamentava a escravidão, admitida naquele contexto cultural. O dono ou senhor de um escravo era obrigado a libertá-lo ao final de seis anos de trabalho. Se o escravo era solteiro, quando comprado por seu senhor, ele partia sozinho; se chegava casado e com filhos, levava sua família; se, feito escravo, seu senhor lhe dava uma esposa, ele não a podia levá-la. Entretanto, se no dia de sua alforria, o escravo dissesse expressamente ao seu senhor: “Eu amo meu senhor, minha mulher e meus filhos, não quero sair forro”, seu senhor o levava aos juízes, à porta da cidade, e estes furavam a orelha do escravo. Este seria o sinal, algo como um documento, atestando que aquele escravo tinha resolvido, espontaneamente, servir ao seu senhor pelo resto da sua vida. Veja Êxodo 21.1-6
Há uma história que ilustra isto muito perfeitamente. Ben era um escravo hebreu que por seis anos já havia servido ao seu senhor. Este o tratava com extremas bondade. Ben, por sua vez, o servia fielmente, grato por tudo o que seu senhor fazia por ele, sua esposa e filhos. Ele sabia daquela lei mosaica e, de fato, esperou ansiosamente pelo dia de sua libertação. Entretanto, quando o dia chegou, ele pensou melhor… Sentimentos estranhos encheram o seu coração… Recordava-se do quanto o seu senhor havia sido afável e bondoso com ele e sua família. Sabia que amava o seu senhor e tinha prazer em trabalhar para ele. Por fim, disse à esposa:
– “Sabe, querida, eu acho que eu vou aos juízes para furar minhas orelhas!”
– “O que você quer dizer com isso?”, perguntou a esposa.
– “Você não sabe? A lei dos hebreus determina que um escravo seja liberto ao final de seis anos de trabalho. Mas se ele quiser continuar servindo ao seu senhor, ele tem que ir aos juízes com o seu senhor, dizer publicamente que quer continuar servindo ao seu senhor; então, os juízes lhe furam as orelhas. Este sinal a prova de que o escravo quer servir ao seu senhor por vontade própria, pelo resto de sua vida. Eu acho que a melhor coisa que nós podemos fazer. Onde encontraremos um trabalho como este, que a gente faz fazer com tanto prazer, e um patrão que seja tão bom com a gente?”
Então, quando o seu senhor o procurou, Ben lhe disse: “Senhor, eu não quero ser libertado. Eu quero que o senhor mande furar milhas furadas”. Seu senhor ficou muito feliz, pois não queria mesmo que Ben e sua família o deixassem; tinha-os na conta de amigos, não de escravos; e eles eram trabalhadores esforçados e dedicados.
Na presença dos juízes, Ben repetiu o que já havia dito ao seu senhor: “Eu não quero sair livre; eu amo ao meu senhor e quero servi-lo pelo resto da minha vida”. Então, Os juízes lhe furaram as orelhas. Em seguida, senhor e escravo se abraçaram. Voltando para casa com o seu senhor, Bem pensou: “Esta é a verdadeira liberdade: Servir a alguém porque o amamos”.
Nesta bela história, notamos que o senhor de Ben era um homem justo, amoroso, bondoso, generoso… Por sua vez, Ben era um servo fiel, obediente, trabalhador, agradecido… Correspondeu ao amor do seu senhor e decidiu espontaneamente ficar com ele e servi-lo por toda a vida. Não tenho dúvida de que você já percebeu que essa história ilustra não somente a lei mosaica relativa aos escravos, mas também e principalmente a relação dos cristãos com o seu Salvador e Senhor Jesus Cristo. De fato Jesus disse aos seus discípulos: “Já não vos chamo servos […]; tenho-vos chamado amigos […]” (João 15.15). Jesus disse também, usando figuras como a do Pastor que cuida de suas ovelhas, que ele estava disposto a dar a vida por suas ovelhas ou servos. Resta saber se nós o amamos também como nosso justo e amoroso Senhor, dispostos a servi-lo dedicadamente, por toda a vida.
O apóstolo Paulo deixou-nos um belo exemplo. A despeito de sua elevada intelectualidade e fama de apóstolo, gostava de apresentar-se como “Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo […]” (Romanos 1.1. Ver também Gálatas 1.10; Filipenses 1.1). E foi ele mesmo quem disse: “Para mim, o viver é Cristo […]” (Filipenses 1.21). Aos coríntios ele escreveu indicando qual pode e deve ser a motivação dos servos de Cristo:
“Ele (Jesus Cristo) morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (II Coríntios 5.15).
A propósito, eu estava preparando esta mensagem na semana finda, quando alguém postou no Facebook esta citação de Matinho Lutero:
“Uma coisa é afirmar: ‘Cristo é um Salvador’; outra coisa, completamente diferente, é dizer: ‘Cristo é meu Salvador e meu Senhor’. O Diabo é capaz de fazer a primeira declaração. Mas somente um crente verdadeiro pode fazer a segunda”.
O bom servo reconhece que tudo o que tem não é seu, propriamente; é do seu Senhor. Ele, o servo, apenas administra os bens do seu senhor. E é assim mesmo com os servos de Cristo e de Deus, o Pai. Ele sabe que é apenas um mordomo do seu Senhor e administra com responsabilidade e dedicação tudo que o seu Senhor lhe confiou. Tudo é tudo mesmo, inclusive o próprio ser. Nesta série, mais à frente, vamos refletir sobre a administração destes seguintes aspectos e áreas da nossa (?) vida: mente, corpo, trabalho, descanso, dinheiro, linguagem e relacionamentos. Isso tem a ver com a chamada doutrina da mordomia.
Concluo lembrando este lamento do Senhor Jesus a alguns dos seus pretensos seguidores:
“Porque me chamais Senhor, Senhor, e não fazei o que vos mando?” (Lucas 6.46).
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Texto PDF Mensagem I – Quem é o Senhor?
Slides Mensagem I – Quem é o Senhor?
Texto Mensagem II – Por que submeter-se ao Senhor?
Slides Mensagem II – Por que submeter-se… (A)
Se desejar aprofundar-se na Doutrina da Mordomia, referida nesta mensagem, clique neste título e veja a série de 6 mensagens e de 9 Estudos para Pequenos Grupos ou Escola Dominical.
Pr. Éber Lenz César – eberlenzcesar@gmail.com