Quebre a corrente!
Há correntes de todo tipo, inclusive no sentido metafórico: corrente do bem, corrente do mal, por exemplo. Há inclusive, um belíssimo filme intitulado A corrente do bem, aquele com o garotinho Haley Joel Osment. É neste sentido metafórico que vou usar o temo nesta e numa próxima mensagem, esta sobre a corrente do mal, a outra sobre a corrente do bem.
Hoje cedo, na minha leitura sequenciada da Bíblia, cheguei às trágicas histórias dos reis de Israel, no período do Reino Dividido, Israel, ao Norte, Judá, ao Sul. O primeiro rei de Israel, o Reino do Norte, foi Jeroboão. Em I Reis 12, eu li sobre a idolatria de Jeroboão. Depois, no final do capítulo 13, li sobre a persistência de Jeroboão no pecado:
“Depois destas coisas, Jeroboão ainda não deixou o seu mau caminho…” (13.33; 14.7-9).
Pior que isso, por seu exemplo e por suas determinações totalitárias, o rei fez o povo cometer os seus mesmos pecados, principalmente o da idolatria. Não ficariam impunes! O juízo divino recairia sobre Jeroboão, sobre sua família e sobre todo o Israel “… por causa dos pecados que Jeroboão cometeu e tem feito Israel cometer” (14.16).
Mas o que isto tem a ver com a dita corrente, no caso, corrente do mal? Bem, eu continuei lendo… O autor de I e II Reis intercala os reinados dos sucessivos reis de Israel e de Judá. Dada a referência inicial a Jeroboão, de Israel, vou me ater aos seus sucessores. Fiquei impressionado com esta repetição, como elos de uma corrente enferrujada, podre.
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Palavra do Senhor ao rei Baaza: “Eu o tornei líder de Israel, meu povo, mas você andou nos caminhos de Jeroboão e fez o meu povo pecar…” (16.2).
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“Onri… pecou mais do que todos os que reinaram antes dele. Andou nos caminhos de Jeroboão… e no pecado que ele tinha levado Israel a cometer…”(16.25-26).
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“Acabe, filho de Onri, fez o que o Senhor reprova, mais do que qualquer outro antes dele. Ele não apenas achou que não tinha importância cometer os pecados de Jeroboão…, mas também se casou com Jezabel… [uma estrangeira pagã e idólatra]…” (16.30-31).
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“Acazias, filho de Acabe… reinou dois anos sobre Israel. Fez o que o Senhor reprova, pois andou nos caminhos de seu pai e de sua mãe e nos caminhos de Jeroboão, que fez Israel pecar” (22.51).
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“Jorão, filho de Acabe… reinou doze anos. Fez o que o Senhor reprova, mas não como seu pai e sua mãe… No entanto, persistiu nos pecados que Jeroboão… levara Israel e cometer e deles não se afastou” (II Reis 3.1-3).
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“Jeú [sucessor de Jorão] eliminou a adoração a Baal em Israel. No entanto, não se afastou dos pecados de Jeroboão…” (II Reis 10.28).
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“Jeoacaz, filho de Jeú… reinou dezessete anos. Ele fez o que o Senhor reprova, seguindo os pecados que Jeroboão levara Israel a cometer; e não se afastou deles…” (II Reis 13.1-2).
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E assim por diante… geração após geração, elo após elo dessa corrente do mal… (II Reis 13.10-11; 14.23-24; 15.8-9, 17-18, 23-24). E isto até o fim, quando sobreveio o juízo de Deus… (II Reis 17.21-13).
Que coisa terrível! Que influência poderosa e maléfica têm os pais, tantas vezes, sobre seus filhos! Estes, na idade jovem e adulta, têm que tomar uma decisão: repetir os mesmos erros, os mesmos pecados, ou dar um basta, reagir positivamente, quebrar a corrente.
Ele, o pai, pode dizer:
“Com a ajuda de Deus, não terei os vícios do meu pai, não tratarei minha esposa da maneira como ele sempre tratou minha mãe, não serei genioso e bruto, egoísta e desonesto, mulherengo e infiel… Não seguirei por este caminho! Vou me casar com uma boa moça e vou fazê-la feliz. Serei um marido e pai responsável, trabalhador, ajudador e amante da minha esposa. Divórcio? Nem pensar! Sei o que o divórcio dos meus pais significou para mim, o quanto me fez sofrer. Darei aos meus filhos o melhor que puder, mas principalmente um bom exemplo de vida e uma formação cristã. Estou convicto de que o que faltou Deus e Jesus no meu lar de origem. Não faltará no meu novo lar!”
Ela, a mãe, pode dizer:
“Com a ajuda de Deus, não serei leviana, consumista, desleixada com a casa e comigo mesma, nem desatenciosa com meu marido e meus filhos. Tentarei ser uma boa dona de casa e boa mãe, mesmo trabalhando fora de casa; apoiarei meu marido e serei sua amante… Divórcio? Nem pensar!”
Conheço um colega pastor que, num dos seus livros, relatou os dramas, sofrimentos e desastres ocorridos em sua família de origem. Pais, irmãos, e tios, todos divorciados. Ele decidiu que não daria sequência a isto (como os sucessores de Jeroboão, no Reino de Israel). De fato ele quebrou a corrente do mal. E como Deus o tem abençoado e usado, assim como a sua esposa e filhas.
Há alguns anos, eu escrevi um pequeno texto para os adolescentes da igreja que eu pastoreava na ocasião. O título foi o mesmo desta mensagem: Quebre a corrente. Eu lhes disse:
Se você é um adolescente ou jovem que não teve a felicidade de nascer num lar verdadeiramente cristão, se você não tem com seus pais (e irmãos) um relacionamento muito bom, isto deve estar lhe fazendo falta, muita falta, e tornando mais difícil sua adolescência ou juventude. Casa sem alicerce, árvore sem raiz, corrente enferrujada… Mas, cara, preste atenção. Tem algumas coisas que você pode e deve fazer:
1) Não fique se queixando dos seus pais nem deixe de amá-los por isso. Afinal, se não fizeram tudo, fizeram muito por você.
2) Deus sempre o amou e, no tempo dele, deu-lhe ou está lhe dando novas e maravilhosas oportunidades de fortalecer seus alicerces, adubar a planta da sua vida, aprender valores cristãos, redirecionar sua vida. Você acha que não é mais criança, certo? Então prove! Faça as suas escolhas, boas escolhas; tenha coragem para ser diferente, mudar as coisas em casa e na sua vida.
3) Você pode quebrar a corrente! Isto é, aquela sequência de mesmíssimas fraquezas, mesmíssimos problemas que às vezes seguem de uma geração para outra, de um elo da corrente para o elo seguinte. Quebre, interrompa, mude! Os desentendimentos, as brigas, os casos extraconjugais, os divórcios, os palavrões, os vícios (se foi tanto assim…) não têm que continuar. Dê um basta! Prometa-se a si mesmo que, com a bênção de Deus (e você tem que buscá-la!) será diferente daqui para frente na sua vida e no lar que você pretende construir.
O que melhor pode alimentar e fortalecer este desejo é Jesus, através do Espírito Santo; o melhor alicerce é a Palavra de Deus (Mt 7.24-27), as melhores companhias são os verdadeiros cristãos, a igreja! Seja feliz!
Pastor Éber Lenz César (eberlenzcesar@gmail.com)