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"Estejam sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês." 1 Pedro 3:15

Ação de Graças I

Ação de Graças I

O homem por detrás do balcão olhava a rua de forma distraída. Uma garotinha se aproximou da loja e amassou o narizinho contra o vidro da vitrine. Os olhos da cor do céu brilhavam quando viu um lindo colar de turquesa azul. Entrou na loja e foi logo dizendo ao dono.

– Aquele colar… O senhor pode fazer um pacote bem bonito? É para minha irmã.

O dono da loja não levou muito a sério, mas puxou conversa:

– Quanto dinheiro você tem?

Sem hesitar, a menina tirou do bolso da saia um lenço todo amarradinho e foi desfazendo os nós. Colocou-o sobre o balcão e feliz, disse:

– Isso dá?

Eram apenas algumas moedas que a pequena criança exibia orgulhosa.

– Sabe, quero dar este presente a minha irmã mais velha. Desde a morte da minha mãe ela cuida da gente e não tem tempo para ela. Hoje é o aniversário dela e tenho certeza de que ela ficará muito feliz com o colar, que é da cor dos olhos dela.

O homem foi para o interior da loja, colocou o colar em um estojo, embrulhou com um vistoso papel vermelho e fez um laço caprichado com uma fita verde. Voltou e disse à menina:

– Tome! Leve com cuidado.

A menininha saiu feliz da vida e foi saltitando pela rua abaixo.

Ainda não acabara o dia quando uma linda jovem de cabelos loiros e maravilhosos olhos azuis entrou na loja. Colocou sobre o balcão o já conhecido embrulho, agora desfeito, e perguntou:

– Este colar foi comprado aqui?

– Sim, minha jovem.

– E quanto custou?

– Desculpe, moça, mas eu não posso dizer. O preço de qualquer produto da minha loja é sempre um assunto confidencial entre o vendedor e o cliente.

A moça continuou:

– Mas minha irmã tinha somente algumas moedas! O colar não parece ser uma imitação barata… Ela não teria dinheiro para pagá-lo!

O homem tomou o estojo, refez o embrulho com carinho, colocou a fita e o devolveu à jovem.

– Ela pagou o preço mais alto que qualquer pessoa pode pagar. A gratidão! E deu tudo o que tinha!

O silêncio encheu a pequena loja e duas lágrimas rolaram pela face emocionada da jovem, enquanto tomava nas mãos o pequeno embrulho.

Um  poeta escreveu:

” A gratidão, como o amor, aquece o coração de quem a recebe, e, ao mesmo tempo, alegra e conforta o coração de quem a expressa. E a expressão maior da gratidão é a generosidade.”

Gratidão na Bíblia.

A Bíblia, tanto no Velho como no Novo Testamento, nos ensina a sermos agradecidos a Deus e às pessoas. Nos Salmos, repetidas vezes, encontramos esta exortação:

“Rendei graças ao Senhor, porque ele é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre” (Sl 106.1).

O Salmo 107 descreve quatro situações de grande sofrimento enfrentadas pelos israelitas, em épocas diferentes. Em cada caso, eles, angustiados, “clamaram ao Senhor, e ele os livrou das suas tribulações” (vs.6, 13, 19, 28). No relato, em seguida à cada livramento, lemos este estribilho:

“Rendam graças ao Senhor por sua bondade e por suas maravilhas para com os filhos dos homens!” (vs.8, 15, 21, 31).

Jesus, nos evangelhos, exalta os gestos de gratidão. As duas histórias mais conhecidas são a de um leproso curado e a de uma prostituta perdoada.

a)    Numa certa aldeia, dez leprosos saíram ao encontro de Jesus, clamando: “Jesus, Mestre, compadece-te de nós!” Jesus os curou a todos. Os homens, ex-leprosos, foram embora, felizes da vida. Mas um deles se tocou… “Voltou dando glória a Deus em alta voz, e prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus, agradecendo-lhe… Então, Jesus lhe perguntou: Não eram dez os que foram curados? Onde estão os nove?…” (Lc 17.11-17). Um em dez foi agradecido, ou seja, 10% apenas!  Será esta ainda hoje a porcentagem de gente agradecida? Estamos entre eles?

b)    Um certo fariseu, chamado Simão, convidou Jesus para um jantar em sua casa. Durante o jantar, “uma mulher da cidade, pecadora”, sabendo que Jesus estava ali, entrou, levando consigo um pequeno vaso de alabastro cheio de precioso unguento; aproximou-se de Jesus, por trás, e lhe ungiu os pés com o perfume e com as próprias lágrimas, enxugando-os com os seus longos cabelos. O fariseu não gostou nada, e, intimamente questionou se Jesus, de fato, era profeta. Se fosse, ele pensou, saberia que a mulher era “pecadora” e não deixaria que o tocasse. (Bem típico dos fariseus da época, que julgavam-se melhores do que os outros). Jesus percebeu e lhe contou a parábola dos dois devedores: Um devia enorme quantia, o outro devia quase nada. Mas nenhum dos dois tinha com que pagar. O credor, misericordioso, perdoou a ambos. Então, Jesus perguntou ao fariseu: “Qual deles o amará mais?” Simão respondeu: “Aquele a quem mais se perdoou”. Certíssimo! Mas o que isso tinha a ver? Jesus explicou mais ou menos assim:

“Simão, eu agradeço o jantar. Mas, aqui entre nós, você não foi muito gentil quando cheguei. Não cumpriu as obrigações mínimas da boa hospitalidade… E eu fiquei pensando: Quais seriam seus motivos? Você nem acredita que eu sou profeta! Percebo que você ficou incomodado com o que esta mulher fez. Você a considera uma pecadora e a despreza (como se você não tivesse seus próprios pecados), mas ela fez o que fez porque está arrependida, quebrantada e muito agradecida. Ela é aquela a quem mais se perdoou!” (Lc 7.36-50).

É assim que funciona. Nossa gratidão, nossa adoração e nosso serviço a Cristo são proporcionais à consciência que temos da nossa pecaminosidade e da grandiosidade do perdão divino.

Alem destas histórias, há outras passagens no Novo Testamento que nos exortam a sermos reconhecidos e agradecidos. O apóstolo Paulo escreveu aos cristãos de Éfeso que uma das evidências da vida “cheia do Espírito” (ou, talvez, uma forma de encher-se do Espírito de Cristo) é dar graças por tudo (Ef 5.18-20). O mesmo Apóstolo escreveu aos filipenses:

“Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas diante de Deus, as vossas petições… com ações de graças…” (Fp 4.6-7).

Podemos pedir o que precisamos; e devemos agradecer o que recebemos!

O que agradecer?

Faça a sua própria lista. Pense em todas as bênçãos materiais e espirituais que tem recebido. Certamente, terá que orar como o salmista:

“São muitas, Senhor, Deus meu, as maravilhas que tens operado e também os teus desígnios para conosco; ninguém há que se possa igualar contigo. Eu quisera anunciá-los e deles falar, mas são mais do que se pode contar” (Sl 40.5).

Aqui vai uma lista muito genérica, só para direcionar nossos pensamentos:

–       Sustento
–       Proteção
–       Família
–       Igreja
–       Perdão, salvação e todas as bênçãos espirituais que a acompanham.

Devemos incluir circunstâncias e acidentes que, num primeiro momento, não nos parecem ser bênçãos. Paulo escreveu aos Tessalonicenses:

“Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (I Ts 5.17).

Tudo é tudo. Não significa que, batendo o carro, por exemplo, devemos erguer as mãos e dizer: “Graças a Deus, bati o carro. Que bênção!” Todavia, passado o susto, podemos sim, agradecer a Deus por não ter sido pior, por estarmos vivos, e, sobretudo, pela oportunidade de crescer com a experiência… Afinal, “todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus…” (Rm 8.28).

O famoso e piedoso expositor bíblico, Matthew Henry (Matthew Henry’s Commentary, 1707), no dia em que foi assaltado, escreveu:

“Estou agradecido porque nunca fui roubado antes; porque, apesar de terem levado minha carteira, não me tiraram a vida; porque, apesar de terem levado tudo, não perdi muita coisa; porque fui roubado; não fui eu quem roubei.”

A gratidão a Deus e a Cristo deve ser um sentimento sincero e constante do cristão. Precisa ser a motivação maior para a adoração, o louvor, a obediência, o serviço, a generosidade no dar. W.B. Salbie disse que “de todas as motivações religiosas, a gratidão é a mais pura e a mais forte”.

Concluo acrescentando que essa gratidão, digamos, religiosa e espiritual, deve incluir a gratidão educada e gentil a todos os que, de algum modo, nos beneficiam através da vida. Filhos devem ser profundamente agradecidos  aos seus pais, o que os fará melhores filhos, mais respeitosos,  mais carinhosos e obedientes (ver I Tm 5.4). Ainda na infância, aprendemos a dizer (aprendemos mesmo?): “Muito obrigado!”, o mesmo que “Estou muito agradecido. Se precisar de mim, estou às ordens…”

Pr. Éber Lenz César (eberlenzcesar@gmail.com)
Se esta mensagem lhe foi útil e edificante, compartilhe. Eu ficarei muito agradecido.
 

Leia também esta outra mensagem:    Ação de Graças II

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