DEUS DE TODA A GRAÇA
Numa das igrejas que pastoreei, um pastor visitante, celebrado a Santa Ceia, exaltou a graça de Deus manifesta através da vida e obra de Jesus Cristo. Depois do culto, uma senhora, de mente um tanto confusa, comentou indignada: “Ele não podia ter feito graça em um momento tão solene… Foi muito irreverente…” Precisei explicar-lhe os vários sentidos da palavra graça, principalmente o sentido bíblico e teológico pretendido pelo pregador. Nesta menagem, pretendo, também, exaltar a Deus e ao Senhor Jesus por sua maravilhosa graça.
A graça é própria da natureza divina
Estando Moisés no Monte Sinai, o Senhor lhe disse: “Eu sou o Senhor […]. Eu tenho compaixão e misericórdia […] e a minha fidelidade e o meu amor são tão grandes, que não podem ser medidos. Cumpro a minha promessa a milhares de gerações e perdoo o mal e o pecado” (Êxodo 34.6-7, RA). Numa outra versão, lemos: “Eu sou gracioso! […]”. A compaixão, a misericórdia ou a graça de Deus são o seu favor para com os homens, favor que eles não merecem. O apóstolo Pedro escreveu que “Ele é Deus de toda graça” (I Pedro 5.10). Significa Deus tem um suprimento inesgotável de boas dadivas ou graças para as mais variadas necessidades humanas. Ele as oferece a pecadores como nós, que nada merecemos. Jesus também, o Emanuel, Deus conosco, quando veio ao mundo, “habitou entre nós cheio de graça…” (João 1:14). Seu ministério terreno foi marcado pelo favor livremente concedido a indivíduos que nada mereciam.
A graça de Deus é multiforme
A graça de Deus abençoa-nos de maneiras as mais diversas. O citado apóstolo Pedro falou da “múltipla e variada graça de Deus”. Ele escreveu: “Deus concedeu um dom a cada um, e vocês devem usá-lo para servir uns aos outros, fazendo bom uso da múltipla e variada graça divina” (NVT). A versão Revista e Atualizada (RA) traz uma palavra esclarecedora: “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons DESPENSEIROS da multiforme graça de Deus” (I Pedro 4.10). Sugere que temos uma “despensa espiritual” cheia de graças ou bênçãos. Nós as usufruímos e as ministramos aos outros quando necessário. Vou mencionar algumas dessas graças
a) A mais importante e necessária é a graça da salvação:
“A graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens…” (Tito 2.11). Somos salvos “pela graça”, ou seja, pela fé no que Deus, o Pai, fez por nós através de Jesus Cristo, e não pelas obras que logramos realizar (Efésios 2.8-9).
b) A graça para a santificação.
Paulo disse aos presbíteros de Éfeso: “Eu os entrego a Deus e à mensagem de sua graça que pode edificá-los e dar-lhes uma herança juntos com todos que ele separou para si” (NVT). Na versão RA, lemos: “Encomendo-vos ao Senhor e à Palavra da sua graça, que tem poder para vos edificar e dar herança entre todos os que são santificados” (Atos 20.32). O apóstolo estava de partida. Queria que aqueles homens, seus filhos espirituais e líderes das igrejas, se apegassem à Palavra de Deus, cuja ênfase é a graça de Deus, até porque esta Palavra tem poder para edificar e santificar.
c) A graça do ministério.
Paulo referiu-se ao seu próprio ministério como sendo um “dom da graça de Deus” (Efésios 3.7). Não merecemos o privilégio dos ministérios ou serviços com os quais nos ocupamos, sempre para a glória de Deus. Ele graciosamente permite que os façamos, e nos capacita para tanto. Não servimos para alcançar o seu favor, mas porque já o temos.
d) A graça da generosidade.
Paulo escreveu aos cristãos de Corinto sobre “a graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia”, a graça da generosidade. (II Coríntios 8 e 9). O apóstolo encabeçou uma campanha para levantar ofertas para socorrer os cristãos da Judeia que estavam vivendo em extrema pobreza. Os coríntios prometeram uma oferta, mas não a enviaram. Paulo os encorajou contando-lhes o que os da Macedônia tinham feito. Muito prontamente, sendo pobres também e passando por adversidades, aqueles cristãos ofertaram generosamente. Paulo disse que isso foi graça! Dar sacrificialmente e generosamente sempre é graça, impulso divino no coração das pessoas.
e) A graça para suportar os sofrimentos.
Paulo estava com um “espinho na carne”, algum tipo de sofrimento. Ele orou pedindo a Deus que o livrasse daquilo. Deus não o atendeu, senão dizendo-lhe: “A minha graça te é suficiente, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. O apóstolo continuou com aquele incômodo, um sofrimento, algo que o humilhava e o fazia consciente de suas limitações e fraquezas; mas isso o tornou ainda mais dependente do poder e da graça de Deus. Mais forte, portanto! (II Coríntios 12.7-10).
f) A graça para vencer tentações.
Todos somos tentados. O próprio Jesus “foi tentado em todas as coisas, à nossa semelhança”. Geralmente, o tentador se aproveita de nossas fraquezas e nos tenta de acordo, repetidas vezes e fortemente. Mas, que conforto! Veja o que o autor da carta aos Hebreus escreveu sobre a ajuda que temos, em Cristo. “Nosso Sumo Sacerdote entende nossas fraquezas, pois enfrentou as mesmas tentações que nós, mas nunca pecou. Assim, aproximemo-nos com toda confiança do trono da graça, onde receberemos misericórdia e encontraremos graça para nos ajudar quando for preciso” (Hebreus 4.15-16). Então, pela oração, achegamo-nos ao “trono da graça”. “Trono” porque é do “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Apocalipse 19.16); “da graça” porque o Soberano Senhor que ali está é misericordioso, gracioso, ajudador, perdoador!
Conclusão.
Liste algumas das manifestações da graça de Deus em sua vida, algumas coisas que Deus tem feito por você e que você sabe que não mereceu e não merece. E agradeça! Depois, liste também algumas áreas de sua vida onde você acha que precisa muito da graça de Deus. Ajoelhe-se confiadamente diante do “trono da graça”.
Certamente todos podemos dizer como João: “De sua plenitude todos nós recebemos graça sobre graça” (João 1.16).
Pr. Éber César – eberlenzcesar@gmail.com