Nada mais precioso…
As parábolas do Tesouro e da Pérola (Mt 13.44-46).
O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem, tendo-o achado, escondeu. E, transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo. O reino dos céus é também semelhante a um que negocia e procura boas pérolas; e, tendo achado uma de grande valor, vende tudo o que possui e a compra.
Essas duas parábolas de Jesus têm a mesma mensagem. Ambas falam da descoberta do Reino de Deus e de Cristo e ressaltam seu valor inestimável. A diferença é que a do Tesouro Escondido ilustra a descoberta acidental; a da Pérola de Grande Valor ilustra a descoberta intencional.
1. A parábola do Tesouro.
Nos tempos antigos, era comum as pessoas protegerem seus bens mais preciosos enterrando-os no campo (Jr 41.8; Pv 2.4). Eventualmente, os proprietários morriam nas guerras ou de morte natural e seus tesouros permaneciam enterrados em algum lugar. Se descobertos, anos mais tarde, pertenceriam aos novos donos do campo. Na parábola de Jesus, um homem simples, trabalhando a terra do seu patrão, encontrou um tesouro. Espertamente, deixou-o ali enterrado, saiu, vendeu tudo o que tinha e comprou aquele campo. Ele o fez “transbordante de alegria”. Achou que valia a pena. E valia mesmo!
2. A parábola da Pérola.
Os antigos atribuíam grande valor às pérolas e ficavam fascinados por elas. O mais ricos, colecionadores ou negociantes, percorriam o mundo a procura de pérolas, as maiores, as mais lindas e preciosas.
A propósito, uma das pérolas mais preciosas de que se tem notícia foi encontrada na costa da Venezuela no século XVIII. Deram-lhe o nome de Peregrina. Esta pérola de grande valor foi levada para a Espanha e, por algum tempo, foi a jóia mais cobiçada das rainhas. Depois, por muito tempo, esteve desaparecida. Reapareceu, em grande estilo, no casamento da famosa atriz Elizabeth Taylor com o ator Richard Burton. Foi um presentão dele à sua esposa.
Na parábola de Jesus, um negociante de pérolas encontrou uma pérola de grande valor, vendeu tudo o que tinha e comprou a pérola. Achou que valia a pena. E valia mesmo!
3. A mensagem.
O tesouro e a pérola representam o Reino de Deus e de Cristo. Alguns encontram Deus, Jesus Cristo e seu Evangelho acidentalmente; às vezes no terreno árido do sofrimento. Não querendo alegorizar a parábola, podemos imaginar que o pobre lavrador, quando deu com a enxada no baú do tesouro, teve uma reação irritada, aborrecida: “Maldita pedra!” Danos no corte da enxada, mais trabalho… Mas, então, descobriu que ali estava um tesouro de valor incalculável. É assim mesmo que muitos encontram o Reino. Acidentalmente, nas lutas da vida. Outros, o encontram ao final de uma busca deliberada e persistente. Têm sede de Deus; lêem a Bíblia, visitam igrejas, procuram. Ora, coko disse o próprio Jesus, “o que busca encontra” (Mt 7.7-8).
Eles compraram! Estranho, a princípio, por que não podemos comprar o Reino dos Céus, a vida em Cristo, a Salvação (Rm 3.23-24, 28). Todavia, como dizia o teólogo alemão, Dietrich Bonhoeffer, “Não há graça barata”. Se quisermos o tesouro ou a pérola, isto é, o Cristo e tudo que ele representa e pode fazer em nossa vida, temos que abrir mão de muita coisa, senão de tudo. Os primeiros discípulos de Jesus estavam trabalhando suas redes quando Jesus os chamou. “Eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram” (Mt 4.20). Mais tarde, diriam a Jesus: “Eis que nós tudo deixamos e te seguimos…” (Mt 19.27).
O jovem rico que procurou Jesus, querendo saber como herdar a vida eterna, não quis deixar suas riquezas materiais, ou seja, seu amor ao dinheiro… (Mt 19.21-22). Ao contrário, o apóstolo Paulo, antes de conhecer a Cristo, dava importância e orgulhava-se de muitas coisas. Depois, escreveu:
“O que para mim era lucro… considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por quem perdi todas as coisas…” (Fp 3.7-8).
Vender tudo para adquirir esse tesouro ou essa pérola; deixar para trás redes e peixes, para seguir a Jesus; perceber, como Paulo, que raça, nome de família, posição social, cultura ou mesmo dinheiro não são nada, comparado com a vida cristã e seu destino eterno, não tem nada a ver com privação auto-imposta ou voto de pobreza, mas, sim, com priorização do Reino de Deus e sua justiça. No Sermão do Monte, combatendo a ansiedade com as coisas materiais, mesmo as básicas como “o que comer, o que beber e o que vestir”, Jesus disse:
“Os pagãos é que correm atrás dessas coisas; mas o Pai celestial sabe que vocês precisam delas. Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas” (Mt 6.28-33, NVI).
Viver no Reino de Deus, claro, implica obediência a Deus e a Cristo, associação com os demais cidadãos do Reino, na Igreja, na adoração, no serviço! E também não fazer nada (pecado) que nos roube parte do tesouro ou da pérola. Então, teremos tudo, em Cristo! Como Paulo, haveremos de dizer:
O vídeo a seguir ilustra muito bem esta mensagem…
Pr. Éber Lenz César