Motivação
Numa reunião da liderança numa das igrejas que pastoreei, falou-se bastante sobre motivação: motivação para viver a vida cristã, para frequentar os cultos da igreja, para participar da Escola Bíblica Dominical, para orar com os irmãos nas nas reuniões de oração, para ler a Bíblia e orar regularmente, para evangelizar, para ser- vir… O sentimento geral dos que participaram da referida reunião foi que está faltando motivação para essas atividades.
A enciclopédia digital, Wikipédia define motivação como segue:
“… força propulsora (desejo) por trás de todas as ações de um organismo; processo responsável pela intensidade, direção e persistência dos esforços de uma pessoa para o alcance de uma determinada meta”.
A enciclopédia cita o psicólogo C.W. Bergamini:
“…motivação é uma inclinação para a ação que tem origem em um motivo… A motivação, portanto, nasce somente das necessidades humanas…”
Por exemplo, as pessoas têm necessidade de trabalhar e ganhar dinheiro. Na medida em que se conscientizam desta necessidade, esforçam-se neste sentido, têm motivação para tanto. E como! Somem-se à referida necessidade, as ambições e até mesmo algumas vaidades pessoais. A motivação aumenta! Muito estudo, muito trabalho, muitas renúncias, tudo por um sonho, um ideal!
Certamente não tem nada errado com a motivação ou entusiasmo que sentimos ante melhor proposta de emprego, melhor salário, um novo curso, uma bela viagem. Afinal se os temos, é porque Deus assim nos abençoou ou está abençoando. Sejamos agradecidos, permaneçamos humildes e aproveitemos as oportunidades. Sucesso!
Todavia, entristece-nos constatar que muitos parecem motivados, bastante motivados para essas conquistas, para certos eventos e festas, mas não para aquelas outras atividades mencionadas acima: cultos, Escola Dominical, estudo bíblico, oração, evangelismo etc.. Estas outras práticas também suprem necessidades, e necessidades básicas, prioritárias!
Uma questão de valores.
Na vida, há uma hierarquia de valores. Algumas coisas são mais importantes do que outras. Por que?
- porque aumentam o nosso conhecimento de Deus e de sua vontade para a nossa vida
- porque nos fazem mais puros e santos, conforme Deus quer que sejamos
- porque fortalecem a nossa fé
- porque despertam o nosso amor
- porque melhoram os nossos relacionamentos e contribuem para a nossa felicidade mais que formação acadêmica, bons empregos, dinheiro e posição
- porque é assim que centralizamos Deus e Cristo em nossa vida
Vale lembrar aqui estas conhecidas palavras de Jesus no seu Sermão do Monte:
“Buscai, pois, em, primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça…” (Mt 5.33).
O exemplo do apóstolo Paulo
Saulo de Tarso sempre foi um homem motivado, intenso. Antes de sua conversão a Cristo, seus motivos eram equivocados. Era zeloso de sua religiosidade, mas cego para a revelação de Deus em Cristo. Fazia os maiores sacrifícios, perseguindo os cristãos. Quando se converteu, mudou de lado, ajustou o foco e tornou-se um dos mais dedicados e frutíferos servos do Senhor Jesus. Não media esforços para pregar o evangelho e doutrinar os que se convertiam.
Paulo, como passou a se chamar, era um homem culto, rico, raça pura, sangue bom, proeminente. Mas, convertido, refez sua escala de valores. Uma vez, após listar valores antigos, ele disse:
“Mas, por amor a Cristo, todas essas coisas, que eu considerava como lucro, agora considero como perda. E não somente essas coisas, mas considero tudo como completa perda por causa daquilo que tem muito mais valor: o conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor…” (Fp 3.7-8).
Tudo o mais perde valor e importância diante da sublimidade do conhecimento de Cristo e da vida em comunhão com ele, a serviço dele! As coisas que antes considerávamos imprescindíveis, vão para o fim da fila, tornam-se contingenciais.
O referido apóstolo resumiu esta postura, numa frase que ficou famosa: “Para mim, o viver é Cristo…” ou, como lemos na Bíblia na Linguagem de Hoje: “Afinal, o que é a vida? A vida para mim é Cristo…” (Fp 1.21).
Há uma outra declaração deste apóstolo que me faz pensar:
“O amor de Cristo nos constrange… Ele morreu por todos para que aqueles que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (II Co 5.14-15).
O que motivava o apóstolo Paulo, portanto, era o reconhecimento e a gratidão em face da expressão maior do amor de Deus por nós, a dádiva do seu Filho (Jo 3.16; Rm 5.8), assim como o amor do próprio Cristo, que esvaziou-se de sua glória celestial, inseriu-se no nosso tempo e espaço, viveu a nossa vida (mas sem pecado), morreu por nossos pecados, ressuscitou e está junto ao Pai Celestial preparando lugar para nós (Fp 2.5-8; Jo 14.1-3). Além disso, ele sabia que somente Deus e Cristo podem abençoar e dar sentido a todas as outras nossas atividades nesta vida.
Quais são os seus valores mais preciosos? Qual é a sua motivação? E para que?
Pr. Éber Lenz César (eberlenzcesar@gmail.com)
Sacrifício
Há muitos anos, quando eu trabalhava como voluntário em um hospital, vim a conhecer uma menininha chamada Liz que sofria de uma terrível e rara doença. A única chance de recuperação para ela parecia ser através de uma transfusão de sangue de seu irmão mais velho, de apenas 5 anos, que milagrosamente tinha sobrevivido a mesma doença e parecia ter, então, desenvolvido os anticorpos necessários para combatê-la.
O médico explicou toda a situação para o menino e perguntou, então, se ele aceitava doar o sangue dele para a irmã. Vi o menino hesitar por um pouco, mas, depois de uma profunda respiração, ele disse: “’Tá certo, eu topo já que é para salvá-la…”.
À medida que a transfusão foi progredindo, aquela criança, deitada na cama, ao lado da cama da irmã, sorria ao ver as bochechas dela voltarem a ter cor. De repente, seu sorriso desapareceu e ele entristeceu. Olhou para o médico e perguntou com a voz trêmula:
– Eu vou começar a morrer logo, logo?
Por ser tão pequeno e inocente, o menino tinha interpretado mal as palavras do médico, pois pensou que teria que dar todo o seu sangue para salvar a irmã! Ver I Pe 1.18-19.
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