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"Estejam sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês." 1 Pedro 3:15

Tocando o intocável

Um testemunho emocionante

Eu estava pregando uma série de sermões expositivos no Evangelho de Lucas. Naquele domingo, preguei sobre a cura de um leproso, por Jesus (Lc 5.12-16). Descrevi a situação física, social e psicológica dos leprosos, nos tempos bíblicos. Até por experiência eu sabia algo a respeito, porque, quando pastor em Viçosa, MG, eu preguei mais de uma vez
no Leprosário Padre Damião, entre Viçosa e Ubá.  Os leprosos da época de
Jesus eram expulsos do convívio familiar e social, não podiam aproximar-se de ninguém e tinham eles mesmos que gritar para quem deles se aproximasse: “Imundo! Imundo!” Os rabis os enxotavam com cães e até com pedradas. Jesus, ao contrario, permitiu que o leproso se achegasse e, mais que isso, “estendendo a mão, tocou-lhe…” O titulo do meu sermão foi “Tocando o intocável”.  Eu já conhecia a história, mas fiquei eu mesmo impactado ao pregar sobre a mesma. Mexeu comigo. Eu não sabia que no dia seguinte, estaria “tocando o intocável”…

Uma sra. da igreja, Eunice Diniz, telefonou-me bem cedo, pedindo-me que fosse visitar, num hospital, a filha de um primo seu, a qual estava com uma doença muito grave, ainda não diagnosticada. Logo saberíamos que era
popularmente conhecido como Fogo Selvagem.

A família e a jovem doente não eram cristãos evangélicos. Fui visitá-los no mesmo dia, à tarde. Uma senhora de meia idade abriu-me a porta. Sobre a cama, sentada, vi uma jovem clara, completamente despida, apenas com uma beirada do lençol cobrindo o colo. Seu corpo estava coberto de feridas, do alto da cabeça aos pés. Perguntai a mãe se queria que eu esperasse do lado de fora. Ela fez-me entrar, enquanto explicava que a moça não podia vestir-se, nem cobrir-se, nem deitar. Estava muito deprimida, humilhada, razão porque fora trazida da enfermaria para um quarto particular

Fiquei profundamente compadecido, e lembrai-me de imediato da mensagem pregada no dia anterior, e de como Jesus, compadecido, aproximou-se do leproso e o tocou. A aparência da moça pareceu-me a de um leproso… Aproximei-me da cama e comecei a conversar. A mãe me disse que a filha,  de 18 anos, estava cursando o segundo ano do Pedagógico. Evangelizai a mãe e a moça por cerca de meia hora. Mostraram-se bastante receptivas, de modo que eu sugeri que orassem comigo recebendo Jesus como seu Salvador e Senhor. Pareceu-me que o fizeram com muita sinceridade. (A essa altura a moça havia puxado um lençol, cobrindo-se parcialmente). Aproximei-me ainda mais, coloquei as mãos sobre sua cabeça ferida, delicadamente, e orei agradecendo a Deus o milagre maior Ca conversão e da salvação, e pedi que a curasse, se fosse a sua vontade. Senti as feridas por baixo das minhas mãos… (Acho que nunca vou mês esquecer…!).

Voltei lá no final daquela mesma semana. A moça não estava nada melhor das feridas. Muito enfraquecida, estava deitada, sob um lençol e um mosquiteiro. Parecia menos deprimida. Chegou a sorrir quando me viu. Perguntei-lhe se estava firme na fé, segura de sua salvação. Acenou que sim. Desta vez, o pai estava presente, e orei com eles.

Na semana seguinte, Eunice, a senhora da igreja, telefonou-me para contar-me o que havia acontecido. A moça, Ana Maria Diniz, esteve em coma por cerca de vinte e quatro horas. Quando voltou a si, estavam no quarto, alem dos pais, a Eunice, uma freira e um médico. A moça deu um belíssimo testemunho. Disse à mãe:

“Mainha, eu vou morrer, mas não se entristeça. Eu vi Jesus e ele mostrou-me um lugar lindo e me disse que eu vou morar ali… Eu quero ir para casa para ver meus irmãos antes de morrer”.

O medico, sabendo que não havia mais o que fazer, concordou. A família morava no interior, a cinco horas do Recife. A mãe, temendo que a filha falecesse durante a viagem, pediu à freira que lhe arranjasse umas velas. A moça ouviu e lhe disse, com dificuldade:

“Eu não preciso de velas…. Eu não vou morrer antes de chegar em casa e ver meus irmãos…”

E pediu à senhora da igreja que me beijasse as mãos e me dissesse que ela estava salva, que aqueles dias, quando a visitei, foram os mais felizes da sua vida, até porque eu me aproximei dela, o que outros evitaram fazer. No dia seguinte, já em casa, com os irmãos, ela faleceu… Ou devo dizer que foi para aquele lugar lindo? Não tenho dúvida de que, naquelas seus dias finais, tão sofridos, se conhecesse mais a Bíblia, teria dito a famosa frase do apostolo Paulo:

“Tenho o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor” (Filipenses 1.23).