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"Estejam sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês." 1 Pedro 3:15

Alegrar-se com a morte? Com a de Jesus também?

Quem se alegra com a perspectiva de morte, seja a própria ou a de um ente querido? E se nos reportarmos ao primeiro século e pensarmos na morte anunciada de Jesus? Quais teriam sido os sentimentos do próprio Jesus e dos seus parentes e amigos, daqueles que o amavam e seguiam? Tristeza, certamente. Mesmo?

Jesus entristeceu-se, sim, “até à morte” (Mt 26.38). Mas também mencionou motivos de contentamento, como vamos ver. Seus discípulos, por outro lado, ficaram tristes, decepcionados, frustrados… Somente isto. Jesus lhes dissera, dias antes:

“O Filho do Homem está para ser entregue nas mãos dos homens; e estes o matarão; mas, ao terceiro dia, ressuscitará. Então, os discípulos se entristeceram grandemente” (Mt 17.22-23).

Agora, na véspera de sua crucificação, Jesus lhes diz:

“Se me amásseis, alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai, pois o Pai é maior do que eu” (Jo 14.28).

Ou, como traduz Eugene Peterson, em A Mensagem:

“Se vocês me amassem, estariam contentes pelo fato e eu estar voltando para o Pai, porque o Pai é o alvo e o propósito da minha vida”.

O que temos aqui são perspectivas diferentes da cruz. Como Jesus via a cruz, a própria morte? Como os discípulos encararam, pelo menos até então, a morte de Cristo?

A frustração e a tristeza dos discípulos.

Ao que parece, a tristeza dos discípulos foi unilateral e egoísta. Eles criam que Jesus era o Messias, mas, como todos os judeus, erradamente esperavam que, como tal, Jesus os libertaria do jugo do império Romano e restabeleceria o poder político e militar de Israel. A cruz não batia com essa esperança messiânica… Estavam decepcionados. Além disso, eles haviam renunciado a muitas coisas para seguir a Jesus. Esperavam algo em troca, um futuro mais promissor. De fato, num outro contexto, de vantagens financeiras, Pedro já havia dito: “Eis que nós tudo deixamos e te seguimos; que será, pois, de nós? (Mt 19.27). Outra decepção! Parece até com os sentimentos e preocupações que externamos quando morre um amigo que nos garantia certas vantagens, ou, pior, quando perdemos o cônjuge… Que a tristeza e a dor (inevitáveis) resultem do amor sincero e da saudade antecipada. E seja equilibrada com aquela alegria que Jesus desejou ver nos seus discípulos. “Se me amásseis, alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai…” Antes de examinarmos, no contexto, a razão desta alegria, arrisco uma interpretação. Gentilmente, Jesus estaria, sim, questionando o amor dos seus discípulos, pois estavam sendo egoístas. Mas vejo também ajuda e conforto nas palavras de Jesus. Ele queria que seus discípulos vissem a cruz pelo lado bom… bom para ele, Jesus! Algo assim como o que dizemos aos amigos e irmãos que acabam de perder um ente querido, cristão: “Veja por outro lado… Ele(a) está no céu com o Pai e com Cristo! E a Bíblia diz que lá é incomparavelmente melhor…” (Fl 1.21-23). Mas, então, de acordo com Jo 14.28-31, qual foi o “lado bom” da cruz, na perspectiva de Jesus?

Exaltação. “… porque vou para o Pai” (v. 28).

Encarnando-se neste mundo, sujeitando-se às condições humanas, Jesus abdicou temporariamente de sua glória celestial e eterna. Sua missão redentora, ele bem o sabia, incluía morrer pelos pecadores, fazer expiação por seus pecados. Seria um tremendo sacrifício, mas ele antevia o resultado (Is 53.10-11) e, também, o retorno àquela glória. De fato, chegando a hora, ele orou, dizendo: “Eu te glorifiquei na terra consumando a obra que me confiaste para fazer; e agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junta de ti, antes que houvesse mundo” (Jo 17.4-5). A cruz seria o clímax da humilhação; mas, em seguida, viriam a ressurreição e a ascensão, ambas significando exaltação e glorificação. O apóstolo Paulo o descreve muito bem em Fp 2.5-11.

Confirmação. “Disse-vos agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós creiais” (v.29).
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Com a intenção clara de fortalecer a fé dos seus discípulos, Jesus antecipou o que estava por acontecer: Judas o trairia; Pedro o negaria; ele seria açoitado e, por fim, crucificado; ressuscitaria no terceiro dia, subiria ao céu e lhes mandaria um outro Consolador, o Espírito Santo. Tudo aconteceu exatamente como Jesus disse que aconteceria. Confusos, os discípulos nem sabiam o que pensar ante a perspectiva da morte de Jesus, mesmo observando o cumprimento seguido dessas profecias. Mas a ressurreição foi demais! Decisiva mesma! (Lc 24.8).

Vitória. “Já não falarei muito convosco, porque aí vem o príncipe do mundo…” (v.30).

Referia-se a Satanás que, conforme relatado no capítulo anterior, entrara pela brecha que Judas lhe abriu no próprio coração (Jo 13.27). Agora, Judas está a caminho para trair a Jesus e o entregar. Satanás é chamado “príncipe do mundo” porque domina sobre os que ainda não se submeteram a Cristo (At 26.18). Na cruz, seria travada a batalha decisiva entre Cristo e Satanás; o descendente da mulher esmagaria a cabeça da serpente (Gn 3.15). O bem triunfaria sobre o mal!

Prova de amor. “Assim procedo para que o mundo saiba que eu amo o Pai e faço como o Pai me ordenou…” (v.31).

A cruz é a prova maior do amor de Deus por nós (Rm 5.8; I Jo 4.9-10). Mas é também a prova maior do amor de Jesus ao Pai. Note que seu amor expressava-se em obediência (Fp 2.8). A cruz, claro, é, também, a prova maior do amor de Cristo aos seus discípulos de todos os tempos (Jo 10.11; 15.13).

 

Pr. Éber Lenz César
eberlenzcesar@gmail.com

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