A colheita é certa
O sol se punha no horizonte, por trás das nuvens, sempre mais vermelhas do que no Brasil. É típico na África. Quando nas estepes, então! Era ao mesmo tempo lindo e melancólico. Sempre me lembro do pôr do sol africano… Não por culpa dessa criação divina, mas por razão das saudades dos familiares e da Pátria, algo como o banzo dos negros trazidos como escravos para o Brasil, no passado, tínhamos vez por outra, finais de tarde muito tristes. Naquele cenário e com tais sentimentos, acontecia pensarmos negativamente no trabalho que fazíamos, a evangelização e edificação espiritual dos portugueses imigrantes e refugiados. A colheita, então, parecia não justificar os esforços da semeadura…
Naquela noite, estávamos mesmo pra baixo. Para o bem ou para o mal, não tínhamos televisão nem computador; ninguém para conversar ou com quem nos distrairmos. Sair? Nem pensar. À noite, em Nelspruit, África do Sul, não tem nada aberto, nenhuma viva alma nas ruas. Fomos para a cama mais cedo, com a Bíblia e um exemplar do devocionário “Our Daily Bread” (Nosso Pão Diário). Abri o livrinho aleatoriamente, já que as datas eram passadas. A mensagem que li em voz alta para minha esposa ouvir foi providencial, um grande conforto e estímulo. No dia seguinte eu a traduzi e enviei para meu pai e meus irmãos no Brasil, todos pastores, juntamente com pedidos de oração. Guardei uma cópia da carta e da tradução. Recentemente, encontrei-a nos meus arquivos. Compartilho com você o texto traduzido, uma reflexão sobre o Sl 126.6:
“Quem sai andando e chorando enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo seus feixes.”
“Uma abundante colheita no trabalho do Senhor é assegurada a todo aquele que fielmente semeia a boa semente da Palavra de Deus. Quando os nossos corações estão cheios de compaixão pelos pecadores perdidos, nosso fervor e o nosso amoroso interesse serão usados pelo Espírito Santo para afofar o duro e crestado terreno em seus corações incrédulos. Os resultados podem não aparecer de imediato, e pode ser que nos sintamos desencorajados e com vontade de desistir. Mas, se gastarmos tempo em
preparação e oração, pedindo a Deus o seu auxílio e direção, ele honrará e abençoará nossos esforços com fruto espiritual na vida daqueles que estamos procurando alcançar.
Um soldado gravemente ferido, antes de morrer, pediu ao capelão que o assistia que escrevesse uma carta à sua antiga professora de Escola Dominical. ‘Conte-lhe que eu morro cristão por causa do que ela me ensinou na classe da Escola Bíblica Dominical. A lembrança de seus apelos fervorosos e do calor de seu amor quando nos pedia que aceitássemos a Cristo, tem permanecido comigo. Diga-lhe que eu a encontrarei no Céu.’ A mensagem foi enviada e algum tempo mais tarde o capelão recebeu a resposta: ‘Que Deus me perdoe. Justamente há um mês eu renunciei minha posição e abandonei meus alunos da Escola Dominical porque achei que meu trabalho estava sendo infrutífero. Agora, eu lamento a minha impaciência e falta de fé. Eu vou pedir ao meu pastor que me permita voltar a ensinar. Eu aprendi que quando alguém semeia para Deus, a colheita é certa e abençoada!
Saiba isso, trabalhador cristão: ‘No Senhor o vosso trabalho não é vão!’ ( I Co 15.58). A alegria de sua gloriosa e abundante colheita o espera.”
(Our Daily Bread, Radio Bible Class, Spring 1976).
De fato, pela graça de Deus, tivemos uma farta colheita na África do Sul e em igrejas que pastoreamos ou plantamos no Brasil, em 48 anos de ministério.
Se desejar, você pode ler um pouco sobre o nosso trabalho missionário na África do Sul, na página Biografia, neste blog.Pr. Éber Lenz César (eberlenzcesar@gmail.com)