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"Estejam sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês." 1 Pedro 3:15

Aprendi a viver contente

Todos sofremos perdas, enfermidades, situações adversas e até algum tipo de segregação e perseguição. O mais comum talvez sejam as críticas. Reagimos de maneiras diferentes. Há também situações favoráveis de apreciação, honra, prosperidade e bem estar, que também pedem uma atitude apropriada, sábia e humilde. Não é fácil.

Agradecendo as ofertas que os cristãos de Filipos lhe haviam enviado, o apóstolo Paulo escreveu-lhes:

“Alegrei-me, sobremaneira, no Senhor porque, agora, uma vez mais, renovastes a meu favor o vosso cuidado… Digo isto, não  por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação…” (Fp 4.10-11).

O apóstolo tivera muitos privilégios e boas oportunidades, mas também passara por circunstâncias as mais adversas, incluindo viagens difíceis, naufrágio, incompreensões, críticas, perseguições, açoites, cadeias e prisões (II Co 11.12-29). Ele estava preso em Roma quando escreveu essa carta aos Filipenses, a mais alegre do Novo Testamento. Qual era o segredo do apóstolo? Como podia viver contente em toda e qualquer situação?  Vamos ver.

1. “Aprendi…”

A primeira coisa a notar é que esse estado de espírito não acontece assim num momento, como resposta a uma única oração ou por decisão pessoal. É algo que se aprende. Nas sucessivas lutas da vida, alguns aprendem a se fechar para os outros, até para parentes, amigos e igreja; aprendem o ódio, a amargura e o queixume. Outros, como o apóstolo Paulo, passando pelas mesmas provações, aprendem a viver contentes. Vêem cada experiência, boa ou ruim, como uma oportunidade para exercitar o contentamento. Têm, portanto, uma postura positiva diante das dificuldades, uma atitude de alunos, de aprendizes; não de vítimas, de coitados.

Até porque, como escreveu o mesmo apóstolo:

“Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito…  para serem conformes à imagem do seu Filho…” (Rm 8.28-29. Veja também os vs. 35-39).

2. “… a viver contente…”

É interessante notar que a palavra “contente” traduz o termo grego “autarkes”, que deu origem à nossa palavra autarquia. Significa administração ou governo autônomo, auto-suficiente, independente. Era um termo famoso dos filósofos gregos; eles primavam pela auto-suficiência, ou seja, não permitiam que as circunstâncias externas perturbassem a sua tranquilidade interior. Isso é contentamento. O filósofo Sêneca, no século IV a.C. já dizia: “Feliz é o homem que, em quaisquer circunstâncias em que se encontre, sente-se contente”.

Então, o que Paulo quis dizer aos Filipenses? Que costumava rir à toa quando enfrentava adversidades? Que nada o entristecia? Claro que não! O sofrimento incomoda! As feridas doem! Paulo só estava dizendo que as dificuldades da vida lhe haviam ensinado a controlar suas emoções; até porque sabia que Deus estava no controle, graciosamente trabalhando seu caráter e amadurecimento espiritual. O apóstolo não se impressionava muito com o que poderia ser ruim; pensava no que certamente resultaria de bem. Tanto que escreveu: “Todas as coisas cooperam para o bem…” Por isso, não se queixava, não se abatia, não desanimava, não ficava deprimido, não ficava com raiva da vida e muito menos de Deus.

3. “… em toda e qualquer situação”.

Paulo aprendeu a reagir assim em toda e qualquer situação.

“Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez…” (Fp 10.12).

Deste modo, o apóstolo lembra-nos que precisamos aprender a estar contentes, a controlar nossas emoções, a manter a sobriedade e a fé tanto numa situação de louvor e honra, como numa situação de crítica e humilhação; tanto na riqueza como na pobreza.

As duas situações são difíceis:

  • na primeira, que parece melhor, a tentação é para o sentimento de superioridade, para a vaidade e para o orgulho;
  • na segunda, tida como a pior, sentimo-nos inferiorizados, humilhados, envergonhados e nos queixamos demais.

Nos Provérbios, lemos esta oração de Agur:

“Não me dês nem a pobreza nem a riqueza; dá-me o que me for necessário; para não suceder que, estando eu farto, te negue e diga: Quem é o Senhor? Ou que, empobrecido, venha a furtar e profane o nome de Deus” (Pv 30.8-9).

É difícil administrar uma e outra situação. Depende muito da maturidade emocional e espiritual, e do referido aprendizado. O Mestre é Jesus! Tanto que Paulo acrescentou…

4. “Tudo posso naquele que me fortalece!”

Este versículo (Fp 4.13) é ainda mais conhecido e, às vezes, mal interpretado. As aplicações mais comuns são: Porque eu sou de Jesus, eu posso tudo: TER, FAZER, ADQUIRIR, CONQUISTAR, PROSPERAR! Não é nada disso! Interpretado dentro do seu contexto, este versículo significa: Tudo posso ADMINISTRAR porque Jesus me fortalece!

Paulo aprendeu, porque Cristo era o seu Mestre; vivia contente porque que Cristo estava no controle; em toda e qualquer situação porque em todas elas tinha consciência da presença e do amor de Cristo.

Boa coisa para se aprender! Estamos aprendendo!

 

Pr. Éber Lenz César
Mensagem publicada no Boletim da Igreja Presbiteriana de São Crtistóvão, em 18/08/2013

 

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