Alegria, apesar de tudo! (I)
Mark Twain, humorista profissional que fez rir milhares de pessoas em todo o mundo, não foi ele próprio um homem feliz. Quando sua filha Jean morreu de um ataque epiléptico, Twain, que estava muito doente para ir ao funeral, disse a um amigo: “Nunca tive inveja de ninguém, a não ser dos mortos. Sempre invejo os mortos!”
Jesus “foi um homem de dores e que sabe o que é padecer” (Is 53.3), mas possuía uma alegria capaz de superar circunstâncias as mais adversas. Avizinhando-se o seu sacrifício na cruz, Ele confortou os discípulos com um belíssimo discurso, e acrescentou: “Tenho lhes dito estas palavas para que a minha alegria esteja em vocês e a alegria de vocês seja completa”
(Jo 15.11).
Ainda hoje, os que crêem em Deus e o servem têm alegria, porque, como disse um salmista,”Tu me farás conhecer a vereda da vida, a alegria plena da tua presença…” (Sl 16.11). É assim também com os que confiam em Jesus e o recebem como seu Salvador e Senhor. O apóstolo Paulo escreveu aos Filipenses:
“Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: Alegrem-se!” (Fl 4.4).
Há sobejos motivos para nos alegrarmos “no Senhor”, isto é, com o que o Senhor Jesus é, fez e faz por nós. Por que, então, muitos cristãos parecem viver sob uma nuvem de decepções e tristezas? O que lhes tem roubado a chamada alegria cristã?
O segredo da alegria
A resposta encontra-se numa pequena carta que o apóstolo Paulo escreveu aos cristãos Filipenses, em 62 d. C.. O apóstolo estava preso em Roma, quando a escreveu. Tinha sido acusado injustamente e enviado à capital do Império Romano para ser julgado por César, o imperador. Tinha passado pelas maiores dificuldades. No entanto, esta sua carta é mais alegre do Novo Testamento. Os termos alegria, gozo e regozijo aparecem dezenove vezes. O apóstolo literalmente transborda de alegria. Qual o seu segredo? A mente, a maneira de pensar. O apóstolo fala da mente dez vezes; usa o verbo pensar umas cinco vezes, e o verbo lembrar pelo menos uma vez.
Assim, aprendemos nesta pequena carta que
o segredo da alegria do cristão está no seu modo de pensar, nas suas atitudes mentais.
Filipenses é um livro de psicologia cristã, não do tipo superficial que diz “pense positivamente, e tudo estará bem”. O apóstolo não ilude os cristãos dizendo-lhes que não terão problemas, que não passarão por dificuldades. Pelo contrário, mostra-lhes o tipo de mente que devem ter se quiserem experimentar alegria genuína num mundo cheio de problemas.
Ladrões da alegria
Pode-se estudar a carta de Paulo aos Filipenses procurando, em cada capítulo, os ladrões da alegria e, então, as atitudes que podem capturar e impedir estes ladrões.
1. As circunstâncias.
Temos que confessar que, quando as coisas estão bem, sentimo-nos muito mais felizes e alegres. Mas, será que o nosso estado de espírito deve depender tanto assim das circunstâncias? Já lhe ocorreu que nós quase não temos controle sobre as circunstâncias? Lembre-se de que Paulo vivia circunstâncias as mais adversas quando escreveu a carta aos Filipenses, cheia de alegria.
2. As pessoas.
Uma adolescente voltou da escola, entrou em casa pisando duro, foi direto para o quarto, bateu a porta e ficou resmungando alto: “Pessoas… pessoas…” Seu pai bateu à sua porta e perguntou:
– Posso entrar?
– Não, respondeu a filha.
– E por que não?, insistiu o pai.
– Porque você é uma pessoa, disse a filha.
Todos já perdemos a alegria alguma vez por causa das pessoas, pelo que são, pelo que dizem, pelo que fazem. E, é claro, nós também já roubamos a alegria de alguém… “Nenhum de nós vive apenas para si, e nenhum de nós morre apenas para si” (Romanos 14.7 NVI). Haverá algum modo de conservar a alegria interior, apesar das pessoas?
3. As coisas.
Um homem rico estava descarregando sua mudança em sua nova mansão. Um vizinho, de vida simples, observava. Contou os móveis e tudo o que ia entrando naquela mansão. Por fim, aproximou-se do dono da mansão e lhe disse: “Vizinho, se precisar de mais alguma coisa, procure-me e eu lhe mostrarei como pode passar sem ela.”
Jesus disse: “Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens” (Lucas 12.15. Ver Mateus 6.19-21). A alegria verdadeira não vem das coisas. Na verdade, as coisas, muitas vezes, atuam como “ladrões da alegria”.
4. A preocupação.
Provavelmente, este é o pior dos ladrões da alegria. Rouba a alegria e maltrata o corpo. Os medicamentos podem afastar os sintomas, mas não removem as causas. Pode-se comprar sono, não descanso. Se o apóstolo Paulo quises
se se preocupar, teria motivos de sobra..
São estes os “ladrões da alegria” mencionados na carta aos Filipenses, direta ou indiretamente. Como apanhá-los e impedir que continuem roubando nossa alegria?
Os quatro capítulos da carta de Paulo aos Filipenses descrevem, cada um deles, uma atitude que pode capturar estes ladrões e permitir que tenhamos alegria
✓apesar das circunstâncias
✓apesar das pessoas
✓apesar das coisas
✓apesar das preocupações
Assim:
Capítulo 1 – Circunstâncias – Mente cristocêntrica
Capítulo 2 – Pessoas – Mente submissa
Capítulo 3 – Coisas – Mente espiritual
Capítulo 4 – Preocupações – Mente segura
É sobre isto que vamos refletir nesta série de mensagens. Acompanhe.
Perguntas para discussão nos Pequenos Grupos
- Leia a carta de Paulo aos Filipenses.
- Em que circunstâncias Paulo a escreveu.
- Que ladrões de alegria ele menciona? Você os conhece?
- Você está mais para alegria ou para tristeza?
- Que atitudes mentais nos ajudariam a preservar a alegria cristã?
- Que significa praticamente alegrar-se no Senhor?
(Éber César. Ideias básicas extraídas do pequeno livro “Seja Alegre”, de Warrem Wiersbe, Ed. Núcleo, Portugal).