O pastor e seu trabalho

Como base em Ef 4.7-16 e mais uma ou outra passagem bíblica, vamos identificar quem é e o que faz um pastor de igreja.

A identidade do pastor.

Os pastores são homens aos quais o Senhor Jesus concede dons especiais para um ministério especial. Paulo escreveu que Cristo, depois de sua ascensão, concedeu dons aos homens. E especificou:

“Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres…” (Ef 4.11).

Os chamados pastores, por vezes, têm outros dons, mas estes são os seus dons básicos.

Os pastores não são apóstolos no mesmo sentido em que o foram os Doze do primeiro século, mas o são no sentido genérico de pioneiros, desbravadores, representantes. Como profetas, os pastores interpretam e proclamam a Palavra de Deus. Como evangelistas, eles anunciam e explicam o evangelho, a Boa Nova de que “Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).  Os termos pastores e mestres descrevem um dom duplo: esses conduzem, alimentam, protegem e instruem os crentes, suas ovelhas.

Conquanto seja verdade que esses quatro ou cinco dons geralmente são dados aos que Deus vocaciona para o ministério pastoral, é sabido que a cada um deles o Senhor concede um ou outro desses dons em maior medida.  Daí as ênfases ministeriais diferentes. Sendo assim, o colegiado de pastores pode ser a melhor opção para as igrejas que crescem.

Além disso, com base em I Pe 5.1-4, precisamos lembrar que os chamados presbíteros também devem pastorear, ainda que não tenham a mesma função e a mesma capacitação teológica e bíblica dos chamados Pastores. O apóstolo Pedro identificou-se com os Presbíteros e lhes escreveu:

“Rogo aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles… : pastoreai o rebanho de Deus que há ente vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem com dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho”.

Pastores e Presbíteros, em equipe, pastoreiam, conduzem e administram a Igreja. Alguns Presbíteros têm o dom da Palavra e do ensino, esmeram-se no estudo da Palavra e pregam também.

A missão do pastor (e que pode ser dos presbíteros para tanto chamados e capacitados pelo Senhor da Igreja

O texto de Efésios define claramente o propósito do Senhor da igreja ao dar os dons referidos à liderança espiritual/docente da igreja:  

“…com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo…” (Ef 4.12).

O trabalho dessa liderança  pastores e presbíteros para tanto vocacionados) é com a igreja. Sua missão precípua é o aperfeiçoamento dos santos. O objetivo é duplo:

• O desempenho do seu serviço. Este sérviço é a obra redentora de Deus e de Cristo no mundo. Os santos (cristãos) cooperam com Deus e com Cristo (“Porque de Deus somos cooperadores”, I Co 3.9). Precisamos entender que este serviço ou trabalho não é do pastor. É da igreja. O pastor o fará também, claro, porque é cristão e membro da igreja; todavia, na função de pastor, seu trabalho é o aperfeiçoamento dos santos. A chamada Grande Comissão – “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura” ou “Ide e fazei discípulos de todas as nações…” – não foi dada aos apóstolos somente, mas à igreja como um todo (Mc 16.15; Mt 28.19-20).

• A edificação do corpo de Cristo. O Corpo de Cristo é a igreja. Ministrando a Palavra de Deus à igreja, o pastor prepara seus membros para a mútua edificação e para um processo contínuo de crescimento espiritual.  Como os crentes se edificam uns aos outros? Instruindo e aconselhando uns aos outros (Cl 3.16), exortando uns aos outros (Hb 10.13), admoestando uns aos outros (Rm 15.14), consolando uns aos outros (I Ts 5.11), confessando seus pecados uns aos outros e orando uns pelos outros (Tg 5. 16), e, acima de tudo, amando uns aos outros (I Pe. 4.8). As Células ou Pequenos Grupos de Estudo Bíblico e Oração nos lares provêem excelentes oportunidades para a mútua edificação!

A oração e a pregação do pastor.

O profeta Habacuque viveu nos anos finais do Reino de Judá, uma época muito parecida com a nossa. Ele presenciou a violência, a iniquidade, a opressão, as contendas, o litígio, o afrouxamento da justiça… Com um peso no coração, dobrou os joelhos e orou; depois se levantou e profetizou! O mesmo fizeram, em suas épocas distintas, Lutero, Calvino, Nox, Carey, Simonton, Billy Graham e tantos outros. Aqui, é preciso fazer justiça e acrescentar que muitos leigos, homens e mulheres, têm assumido grandes causas.

Habacuque viu a situação de Judá e clamou ao Senhor.  O Senhor, então, o fez saber do juízo iminente, a destruição de Jerusalém e o Cativeiro Babilônico. Qual foi a reação do profeta? Ele disse: “Por-me-ei na minha torre de vigia…” (Hc 2.1-2). Isto nos lembra a recomendação de Jesus aos seus discípulos: “Vigiai e orai” (Mt 26.41).

No começo da igreja, multiplicando-se o numero dos discípulos, falhou a administração. Começaram as murmurações. Então, os Doze Apóstolos convocaram a comunidade dos discípulos e disseram:

“Não é razoável que nós abandonemos a Palavra e Deus para servir äs mesas. Mas, irmãos, escolhei dentre voz sete homens… aos quais encarregaremos deste serviço; e, quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da Palavra…”(At 6.1-5).

Este é o trabalho principal do Pastor: Orar e pregar!

Paulo pôde escrever às igrejas: “Não cessamos de orar por vós…” (Cl 1.9; Fp 1.4; Ef 3.14).  E aos presbíteros de Éfeso ele pôde dizer:

“Vós bem sabeis como foi que me conduzi entre vós… Jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa e de vo-la ensinar publicamente e também de casa em casa… Jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus” (At 20.18-20, 27).

Este mesmo apostolo recomendou ao jovem pastor Timóteo:

“Prega a Palavra, insta, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina… Faze o trabalho de evangelista. Cumpre cabalmente o teu ministério” (II Tm 2.2,5).

• Pastores: Que Deus nos ajude a usar com humildade e fidelidade os dons maravilhosos que nos deu, cumprindo cabalmente o nosso ministério: o aperfeiçoamento dos santos, nossas ovelhas, ou melhor, ovelhas do Supremo Pastor, que ele nos confiou. Não negligenciemos nem a oração nem a pregação.
• Igrejas: Entendam que é sua a tarefa de evangelizar o mundo, pelo testemunho pessoal e proclamação do evangelho, em todas as oportunidades; é sua a responsabilidade da mútua edificação.

 

Éber Lenz Cesar

eberlenzcesar@gmail.com