Alegria, apesar de tudo. IV. Mente espiritual.
Falamos dos “ladrões de alegria”:
- circunstâncias,
- pessoas,
- coisas
- preocupação.
Como podemos impedir que estes ladrões continuem a nos roubar a alegria que temos em Cristo? Desenvolvendo atitudes mentais corretas, como as que Paulo ensina e exemplifica em cada capítulo de sua carta aos Filipenses:
- Mente integral para lidar com as circunstâncias (capítulo 1)
- Mente submissa para lidar com as pessoas (capítulo 2)
- Mente espiritual para lidar com as coisas (capítulo 3)
- Mente segura para lidar com as preocupações (capítulo 4)
Já estudamos a mente integral e a mente submissa. Agora, vamos estudar as características da mente espiritual, com a qual podemos lidar corretamente com as coisas, não permitindo que nos roubem a alegria. Paulo fala disso no capítulo 3 de Filipenses. Neste capítulo, o apóstolo usa onze vezes a palavra coisas. Salienta que muitas pessoas “só se preocupam com as coisas terrenas” (v.19). Mas o cristão tem uma mente espiritual e interessa-se, acima de tudo, pelas coisas espirituais ou celestiais; ele vê as coisas deste mundo de um ponto de vista celestial, e afirma, com o apóstolo:
“A nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o salvador, o Senhor Jesus Cristo” (v. 20).
Isto faz uma grande diferença! A ânsia por coisas rouba a alegria das pessoas, inclusive de muitos cristãos. Queremos ter coisas e descobrimos que, muitas vezes, são elas que tomam conta da gente. O único modo de ter alegria a despeito das coisas, e cultivar uma mente espiritual, ou seja, procurar ver para as coisas de um ponto de vista espiritual, ou do ponto de vista de Deus. É isto que o apóstolo Paulo nos ensino em Fp 3.
Tomando por base a sua própria experiência, ele nos ensina a:
- considerar ou contabilizar prioritariamente as coisas que têm valor real, duradouro, eterno. 3.1-11.
- não olhar para trás, mas correr, como bons atletas, olhando sempre para o alvo à frente . 3.12-16.
- compreender que estamos de passagem neste mundo; que somos peregrinos e forasteiros; e que nossa verdadeira riqueza está no futuro e no céu. 3.17-21.
Os verbos chave que Paulo usa nestas três partes do cap 3:
- Eu considero (as coisas lá do alto)
- Eu prossigo (para o alvo)
- Eu espero (o Salvador, Cristo)
1. Considerar, dar maior atenção às coisas que têm real valor.
- Fp 3.18-19. Refere aqueles que “só pensam nas coisas terrenas” (final v. 19).
- Fp 3.20. Lembra que “nossa Pátria está nos Céus” e, portanto, devemos atentar para as coisas celestiais. Ver Cl 3.2. Olhamos para a terra e as coisas daqui de um ponto de vista celestial, de lá de cima para cá.
É muito fácil nos deixarmos enredar por “coisas”, não só as tangíveis (bens materiais), como as intangíveis (reputação, fama, empreendimentos, etc). As coisas ou bens materiais não são más em si mesmas; são bênçãos de Deus. Precisamos delas (Ver Mt 6.31-34; I Tm 6.17). Mas Jesus nos ensina que “a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que possui” (Lc 12.35). Muitas pessoas que possuem abundância de coisas, de bens materiais, as coisas que o dinheiro pode comprar, acabam perdendo as que o dinheiro não pode comprar, principalmente a alegria.
A palavra chave aqui, como dissemos acima, é considerar (3.8). Tem que ver com a atitude diante das coisas (tangíveis e intangíveis). Geralmente, não paramos para considerar o real valor das coisas, e como estas coisas afetam ou mesmo determinam nossas decisões e a direção que damos a nossa vida. Muitos sãos escravos das coisas e são consumistas! Querem sempre mais! Nunca é o bastante. Lamentam e ficam insatisfeitos ou mesmo tristes porque não têm isto ou aquilo… E quando perdem alguma coisa, perdem também a alegria. Coisas roubam a alegria!
O mesmo se pode dizer das coisas intangíveis: status, fama, reconhecimento. Até mesmo a religiosidade, a justiça própria. Paulo era muito religioso (fariseu, circuncidado) e cheio de justiça própria… E isto o cegava espiritualmente a ponto de rejeitar a Cristo e perseguir os cristãos. Quando se converteu (por um milagre), considerou tudo como perda. Preservou seus valores morais e religiosidade, naturalmente; mas passou a confiar em Cristo (3.8, final até v. 10).
2. Não olhar para trás, mas prosseguir para o alvo à frente . 3.12-16.
Paulo nunca se permitia ficar satisfeito com as vitórias já alcançadas; queria sempre mais; sabia que ainda não era perfeito; mas tinha o exemplo de Cristo como padrão e modelo; e prosseguia para este alvo! Alguns cristãos ficam satisfeitos consigo mesmos porque se comparam com outros cristãos, e não com Cristo.
Paulo dizia:
“Uma coisa faço: esquecendo-me do que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo…” (3.13-14a).
a) “Uma coisa”. Ver também Sl 27.4; Mc 10.21; Lc 10.42. É comum nos envolvermos demais com muitas coisas. Mas o segredo do avanço está em nos concentrarmos numa coisa, no mais importante, num determinado alvo. E aqui, o alvo é Cristo, a perfeição em Cristo, ou seja, a maturidade cristã (ver Ef. 4.12-13).
b) “Coisas que para trás ficam”. Os fracassos, as quedas e problemas…
c) “Avançando… prossigo para o alvo” . O alvo mencionado no item (a): maturidade. Um texto que encoraja e oriente neste sentido: I Tm 4.7-8.
3. Compreender que estamos de passagem neste mundo; que nossa verdadeira riqueza está no futuro e no céu. 3.17-21.
É interessante que numa carta cheia de alegria, vemos o autor, o apóstolo Paulo chorando (v.18). Por que ele chora?
- Por causa das circunstâncias difíceis em que se encontra (prisão)? Não! Ele possui uma mente integral, como estudamos entes. As circunstâncias não lhe roubam a alegria!
- Por causa do mal que algumas pessoas lhe estavam fazendo? Não! Ele possui uma mente submissa. Não pensa em si mesmo, mas nos outros, de modo que o que os outros fazem, não lhe rouba a alegria.
- Ele não chora por si mesmo, mas pelos outros. Por razão de sua mente espiritual, ele lamenta profundamente a maneira como alguns cristãos estão vivendo, pessoas que “só pensam nas coisas terrenas” (3. 18-19).
Mente espiritual... Muitos entendem mal o que seja ser de fato espiritual. Não significa ser místico, piegas, alienado. Alguns hipocritamente tentam mostrar espiritualidade com orações elaboradas, mudando a voz para um tom que julga ser piedoso, meloso, retórico ou sepulcral… Mente espiritual, no contexto deste capítulo da carta de Paulo aos Filipenses é ver as coisas da perspectiva do Céu, de Deus; implica dar maior valor às coisas que realmente têm valor eterno. Veja outra vez Cl 3.2.
Todavia é preciso lembrar que os cristãos têm uma dupla cidadania: são cidadãos do Céu e cidadãos da terra. O grande evangelista Moody costumava repreender os cristãos que tinham “uma mentalidade tão espiritual, que não tinham qualquer utilidade na terra” .
Sabendo que estamos aqui de passagem, usaremos as coisas, na medida da necessidade; mas não viveremos para as coisas; viveremos para Cristo, aguardando sua volta.
“Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (3.20).
Veja todas as mensagens desta série.
1. Introdução.
Slides desta mensagem
2. Mente cristocêntrica (Fp 1).
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3. Mente submissa (Fp 2).
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4. Mente espiritual (Fp 3).
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5. Mente segura (Fp 4)
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Pr. Éber Lenz César
(Estes estudos aproveitam algumas ideias de um precioso livro de Warrem Wiersbe, intitulado Seja Alegre, Editora Núcleo, Portugal).