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"Estejam sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês." 1 Pedro 3:15

Ansiedade II

Estamos recordando algumas respostas bíblicas ao problema da ansiedade. Para entendê-las,  precisamos rever nosso conceito de Deus, de paz e de santidade. Já falamos sobre Deus, lembrando que o chamado “temor do Senhor” não é medo que  afasta; é reverência e respeito. Este sentimento não exclui a possibilidade de aproximação, intimidade e confiança. O Senhor é Soberano, Todo-poderoso, Tremendo, sim, mas é também um Pai amoroso e Pastor cuidadoso. Podemos e devemos “derramar o coração” diante dele quando ansiosos ou angustiados, na certeza de que ele nos socorrerá e nos restituirá a paz.

Conceito de paz.

É importante observar, também, que paz não significa, necessariamente, ausência de adversidades e provações. Uma idéia errada a respeito gerará frustrações. As coisas não acontecerão como o esperado e seremos levados a pensar que Deus não cumpre suas promessas ou não cuida de nós.

Com razão, gostamos de orações como esta:

“Tu, Senhor, conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito é firme; porque ele confia em ti” (Is 26.3).

Ou de promessas como esta de Jesus:

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou… Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo 14.27).

Todavia, a paz de Deus não é “mar de rosas”.

  • Não é indiferença e passividade. É certeza que inclui preocupação, ocupação antecipada com necessidades e responsabilidades futuras.
  • Não é resignação irremediável. É certeza que inclui indignação contra toda maldade e injustiça que se interpõem nos caminhos de Deus.
  • Não é auto complacência. É certeza que inclui senso de autocrítica. Se  complacentes, privamo-nos da paz de Deus permanecendo  no erro e no pecado.

A preocupação, a indignação e a autocrítica perturbam, angustiam às vezes! Mas são necessárias. O mesmo Paulo que garantiu: “… a paz de Deus… guardará o vosso coração e a vossa mente”,  exortou: “…desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor” ( Fp 2.12).

Horácio Spofford, rico advogado, filho espiritual de D. Moody, presenteou a esposa e as quatro filhas com umas férias na Europa. A meio do oceano, o navio naufragou. Dias depois, Spofford recebeu um telegrama da esposa: “Somente eu sobrevivi” Ele foi buscar a esposa na Irlanda, para onde ela fora levada, quando resgatada. No meio do oceano, próximo ao local onde suas filhas e tantos outros tinham perdido a vida, Spofford, olhando para o mar, compôs este hino, que, hoje, é um dos mais apreciados no mundo evangélico:

Se paz a mais doce me deres gozar,
Se dor a mais forte sofrer,
Oh, seja o que for,Tu me fazes saber,
Que feliz com Jesus sempre sou!
Sou feliz! Com Jesus, meu Senhor!”…

Conceito de santidade.

Tendemos a pensar que os crentes mais espirituais ou santos nunca ficam ansiosos. E não ficam mesmo! Mas eles têm, sim, momentos de ansiedade! A diferença é que eles logo superam essa emoção com oração e confiança em Deus. Em seguida à luta, vêm a paz e tranquilidade.

Examine estes exemplos bíblicos:

  • Jó (Jó 1.8; 3.24-26);
  • Elias (I Re 19.1-4);
  • Pedro  (Mt 14.25-32);
  • Paulo (I Co 2.3; II Co 7.5).

E o que dizer de Jesus? Na noite anterior à sua crucificação, ele levou para o Getsêmani os seus discípulos mais íntimos e lhes disse: “A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo”. Em seguida, orando à parte, ele disse: “Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice…” (Mt 26.38). A angústia foi tal que ele transpirou sangue! (Lc 12.50). Que foi que o homem Jesus sentiu nessa noite terrível Tristeza, angústia, medo, ansiedade? Teólogos sérios como W. Strawson e O. Cullman entendem assim. Strawson justifica-se dizendo:

“O indivíduo verdadeiramente cristão e corajoso vai em frente, a despeito do medo ou da ansiedade, confiando na poderosa ajuda do Senhor e trabalhando a própria mente e o próprio  coração”.

Num contexto de críticas, perseguição, adversidade e perdas, situações que geram ansiedade, o apóstolo Pedro escreveu:

“Humilhai-vos sob a poderosa mão de Deus… lançando sobre  ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós…” (I Pe 5.6-7).

Humilhar-se no sentido de aceitar ou submeter-se, sabendo que as tais críticas, perseguições ou adversidades são permitidas por Deus e têm um propósito. Geram ansiedade, sim, mas o apóstolo nos diz que podemos e devemos recorrer a Deus, para acalmar o coração, recuperar a paz e a confiança. A “poderosa mão de Deus” está no controle. Note que o apóstolo não  disse “ponham”; disse “lancem”. Pomos alguma coisa perto de nós e podemos pegá-la de volta facilmente; lançamos para longe, e fica mais difícil pegar de volta. É para falar com Deus a respeito, abrir o coração e descansar, porque, “ele tem cuidado de vós”. Leia Is 41.13 e Fp 4.6-7.

O apóstolo Paulo ensinou que podemos fazer isso por meio da oração:

“Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus” (Fp 4.6-7).

Necessidade de sobriedade e vigilância.

Podemos até pensar que Pedro deveria ter encerrado o assunto com esta frase tão confortadora: “… ele tem cuidado de vós” (v.7). Mas no verso seguinte, ele faz uma advertência muito séria:

“Sede sóbrios e vigilantes. O Diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge, procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé…” (v.8)

O adversário mais terrível não é este ou aquele indivíduo que nos critica ou persegue; e as adversidades ou perdas não seriam tão terríveis se o Diabo não estivesse à volta como leão faminto querendo nos devorar, ou seja, solapar a nossa fé e destruir-nos. Ele alimenta a nossa ansiedade, faz-nos pensar que Deus, afinal, não se importa conosco, não tem cuidado de nós!

Pedro

  • sobriedade (equilíbrio emocional, pensar direito)
  • vigilância (atenção, não dar moleza)
  • resistência (opor-se com firmeza, não ceder)

E, por fim, o apóstolo lembra mais uma coisa importante:

“… sofrimentos iguais aos vossos estão se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo” (vs. 8-9).

Não somos filhos preteridos, esquecidos, nem coitadinhos. Nem devemos ficar muito surpresos com as críticas e os revezes da vida. É assim mesmo, com todos. Nossos irmãos em todo o mundo, também estão passando por dificuldades, também têm ansiedade, também são tentados, também têm que orar, lançar suas preocupações e angústias nas mãos poderosas daquele que cuida de todos nós.

Pr. Éber Lenz César (eberlenzcesar@gmail.com)

 

Leia também:

Ansiedade I

Ansiedade III

 

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