Membros uns dos outros. I. Acolhei-vos uns aos outros (Rm 15.7).
Tendemos a acolher somente aqueles que nos são naturalmente simpáticos, que pensam como nós, cujos temperamentos se assemelham ao nosso, de cujas companhias e amizades esperamos tirar algum proveito. Contudo, o texto acima ordena que nos acolhamos uns aos outros indistintamente.
O círculo mais íntimo.
É natural nos sentirmos atraídos, de modo particular, por algumas pessoas ou por certos irmãos no corpo de Cristo, estabelecendo com os mesmos um círculo mais íntimo de amizade e companheirismo. O próprio Jesus designou doze para estarem com ele… (Mc 3.14). Percy Ellis escreveu um livro sobre estes homens e os chamou de Os amigos de Jesus Cristo. Mesmo entre os Doze, Jesus desenvolveu uma intimidade maior com Pedro, Tiago e João (Mt 17.1; Mc 14.32-34). Este último foi identificado como o discípulo amado (Jo 13.23; 21.7,20). Maria, Marta e Lázaro foram amigos especiais do Senhor Jesus (Lc 10.38-39; Jo 11.1-3,35-36).
O círculo mais amplo.
Jesus, porém, não restringia seu amor, suas amizades e seu acolhimento aos Doze e a uns poucos mais. Ele acolhia as multidões (Lc 9.11) e era amigo de publicanos e pecadores (Mt 11.19). Com os braços abertos, acolhedores, ele convidava: Vinde a mim… (Mt 11.28). E garantia: O que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora (Jo 6.37). Ele repreendeu os discípulos quando tentaram impedir que algumas crianças fossem trazidas à sua presença amiga. Disse-lhes: Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis… Então, tomando-as nos braços… as abençoava (Mt 10.13-16).
Como Cristo nos acolheu.
Jesus acolhia as multidões porque tinha compaixão delas (Mt 9.36; 14.13-14); os publicanos e pecadores porque era misericordioso (Mt 9.11-13); as crianças porque sabia que tinham um lugar no Reino dos Céus (Mt 10.14). Além do mais, entendia que todos os que vinham à sua presença vinham por vontade do Pai (Jo 6.37), para que ele as ajudasse, alimentasse, curasse, ensinasse, perdoasse e salvasse, conforme as suas necessidades.
Ora, a Bíblia diz:
Acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para a glória de Deus Pai (Rm 15.7),
Significa: movidos por sentimentos de compaixão e de misericórdia, e vendo as pessoas próximas como potenciais cidadãos do Reino dos Céus.
Se vêm a nós com suas necessidades, ou se acontece estarem próximas de nós, isto bem pode significar que Deus quer que as ajudemos. Em se tratando de não cristãos, o dever de acolher é o mesmo, sendo que o propósito de Deus pode ser salvar tais indivíduos por nosso intermédio.
Uma coisa mais precisa ser dita. Devemos acolher as pessoas como elas são, na expectativa de que sejam convertidas ou santificadas por nossa instrumentalidade. Os Doze, quando Jesus os acolheu, somavam defeitos graves (Mc 4.40; 9.33-35; Lc 9.54). Se cresceram na fé e na prática da vida cristã, foi porque Jesus os acolheu, considerou, suportou, instruiu, aconselhou, exortou, admoestou, consolou e, sobretudo, orou por eles e os amou. É assim mesmo e para isso que devemos nos acolher uns aos outros.
Perguntas para reflexão e discussão:
1. Você acha correto e apropriado para um cristão acolher bem somente as pessoas que lhe são naturalmente simpáticas, que têm temperamento semelhante ao seu, que pensam como ele, ou de cujas amizades espera tirar algum proveito? Que disse Paulo em Rm 15.7.
2. Jesus teve alguns amigos mais íntimos e compartilhou com eles os momentos mais importantes de sua vida, é verdade. Mas, qual foi sua atitude para com as multidões, para com os publicanos e pecadores e para com as crianças de modo geral?
3. Por que Jesus acolhia bem a todos que vinham a ele com suas necessidades, problemas e pecados? (a) Mt 9.6; (b) Mt 9.11-13 (c) Mr 10.14; (d) Jo 6.37.
4. Se algumas pessoas não são o que achamos que deveriam ser; se são antipáticas, chatas, temperamentais, esquisitas, fracas; se não são, a nosso ver, cristãos maduros, devemos acolhe-las bem assim mesmo? Que podemos fazer por elas?
5. Leia At 9.1-19 e responda às perguntas seguintes: Quem era Saulo de Tarso? Quem foi que lhe apareceu na estrada de Damasco e com que disposição? Por que Ananias relutou em obedecer a ordem de Deus em relação a Saulo? Que disse Deus a Ananias, então? Que tratamento usou Ananias quando, por fim, se dirigiu a Saulo e o acolheu? Que importância esse tratamento pode ter tido para o temido perseguidor no processo de sua conversão?
6. Você tem sido acolhido por Deus? Por Cristo? Sente-se acolhido na sua igreja?
7. Você pode pensar em uma ou mais pessoas na sua família, igreja ou trabalho as quais você acha particularmente difícil acolher bem? Por que? Tem feito algum esforço para aproximar-se delas, cativar-lhes a confiança e a amizade? Ore sobre isto e acolha-as “como Cristo nos acolheu”.
Pr. Éber Lenz César (eberlenzcesar@gmail.com)
Veja os outros estudos desta série:
2. Consideremo-nos uns aos outros.3. Suportai-vos uns aos outros.
4. Instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente.
5. Exortai-vos mutuamente.
6. Exortai-vos uns aos outros.
7. Consolai-vos uns aos outros.
8. Confessai os vossos pecados uns aos outros.
9. Acima de tudo, amor.