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Julga a minha causa!

Quem não sofre alguma injustiça? Quem não tem problemas? Leia aqui sobre o poder da oração perseverante, da fé que não desiste…

(Parábola do Juiz Iníquo. Lc 18-1-8).

Ao contrário do que vemos nas outras parábolas, nesta, o tema e a interpretação da estória de Jesus aparece logo na introdução:

“Disse-lhes Jesus uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer” (v.1)

O contexto é o chamado “pequeno apocalipse”, profecias concernentes à segunda vinda de Jesus ( Lc 17.20ss). Portanto, Jesus está falando da importância da oração persistente e confiante nesse longo período que estamos vivendo, entre a sua primeira vinda e o seu retorno.

Nessa passagem, o termo grego traduzido por “esmorecer”, significa literalmente “ceder ao mal”,  no caso, acovardar-se, perder o ânimo, desanimar e desistir por causa de alguma demora ou circunstância adversa. (Aparece também em II Co 4.1).

O juiz e a viúva referidos na parábola moravam na mesma cidade, talvez próximos. A viúva pôde ir à casa ou ponto de atendimento do juiz  repetidas vezes… Na Palestina, na época de Jesus, as cidades maiores tinham um Conselho ou Sinédrio, designado para resolver as questões judiciais dos judeus. Nas vilas menores, essas questões podiam ser decididas por um único homem. Exigia-se que os juízes fossem “sábios, mansos, tementes a Deus, não fossem gananciosos, amassem as pessoas e tivessem um bom nome”.  Mas os juízes geralmente eram iníquos e corruptos. Jesus fala de um “juiz que não temia a Deus, nem respeitava homem algum”, ou, como lemos na versão A Mensagem, de Eugene Peterson: “não se importava com Deus nem com as pessoas”. É muito ruim quando qualquer pessoa é assim; pior quando se trata de um juiz ou autoridade! A gente conhece isso!

“Havia também, naquela mesma cidade, uma viúva, que vinha ter com ele, dizendo: Julga a minha causa contra o meu adversário” (v.3).

Não sabemos qual era a causa desta pobre mulher. A Bíblia A Mensagem, traduz: “Meus direitos estão sendo violados. Faça alguma coisa”. Talvez alguém estivesse avançando a cerca, tomando-lhe parte da propriedade que o marido lhe havia deixado, ou prejudicando-a de algum outro modo. As mulheres, na época, eram menos independentes, tinham pouca expressão; quando viúvas, então, enfrentavam sérias dificuldades para prover sustento para si e para seus filhos. Havia indivíduos inescrupulosos que tentavam tirar vantagem desta situação. Uma das mais graves acusações de Jesus contra as autoridades religiosas da época (logo estas!) foi que, as mesmas defraudavam as viúvas. Em  Mt 23.14, por exemplo, nós lemos: 

“Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, porque devorais as casas das viúvas e, para o justificar, fazeis longas orações; por isso, sofrereis juízo muito mais severo”.

O fato é que alguém estava prejudicando seriamente a viúva da parábola, e ela representa todos os oprimidos, os que têm uma causa, uma necessidade, um clamor. Precisam de ajuda!

A viúva dessa estória talvez soubesse que o juiz não prestava e não daria a mínima para a sua causa, até porque ela era uma pessoa sem importância na cidade, viúva e pobre; não poderia pagar pelos serviços profissionais do juiz e nem lhe dar propina; e o caso não teria qualquer repercussão. Mas essa mulher era determinada, muito persistente. Ao que parece, ela passava pela casa ou escritório do juiz todos os dias, insistindo: “Julga a minha causa! Julga a minha causa! Faça alguma coisa!”

Por fim, o juiz disse a si mesmo:

“Bem que eu não temo a Deus, nem respeito a homem algum; todavia, como esta viúva me importuna, julgarei a sua causa, para não suceder que, por fim, venha a molestar-me.”

Curioso. O termo grego aqui traduzido por “molestar-me” refere-se a uma agressão física, dessas que deixam o olho roxo… O homem não temia a Deus, mas teve medo da mulher ficar brava e lhe dar um soco na cara… A Bíblia A Mensagem, tem uma tradução mais tranquila:

“Não me importo com Deus, e menos ainda com as pessoas. Mas esta viúva não vai me dar sossego. Melhor eu tomar providências para que ela receba justiça. Do contrario, vou acabar maluco com essa insistência” (v. 4-5).

Orações persistentes.

Jesus, com esta parábola, não quis, de modo algum, insinuar que Deus é como aquele juiz mesquinho, perverso, relutante em atender aos que o buscam em oração. Pelo contrario, encerrou a história com a seguinte aplicação:

“Considerai no que diz o juiz iníquo. Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los?  Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça.”

Outra vez cito a tradução de E. Peterson,  A Mensagem:

“Vocês ouviram o que disse aquele juiz, apesar de ser tão mau. Por que pensar, então, que Deus não fará justiça ao seu povo escolhido, que sempre clama por ajuda? Acham que ele não vai ajudá-los? Garanto a vocês que vai, e sem demora.”

A ideia é: Se um juiz mau e inescrupuloso atendeu à viúva, por razão de sua persistência, acaso Deus, que é bom e amoroso, não responderá  às orações persistentes e confiantes do seu povo escolhido? Sim, claro que o fará. Pode até parecer que demora, mas ele responderá!

Note: “Orações persistentes e confiantes do seu povo escolhido”. Não é o tema desta parábola, mas vale observar a referencia aos “escolhidos” ou “eleitos”, um doutrina preciosa. Os eleitos e salvos oram com fé e sem desanimar!

Por que, tantas vezes,  Deus demora a atender nossas orações?

Certamente, é para o nosso benefício.

  • A oração disciplinada e persistente aperfeiçoa o nosso caráter cristão; e ajuda-nos a descobrir a “boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2).
  • Deus, às vezes, demora em atender-nos a fim de que nossos motivos e alvos sejam purificados.  Veja Tg  4.2-3.
  • A demora de Deus também intensifica nosso desejo; quando tivermos resposta ou recebermos a bênção, lhe daremos mais valor… e seremos mais agradecidos.
  • É preciso dizer ainda que nem sempre recebemos o que pedimos, por alguma razão relacionada à Soberania de Deus e ao seu cuidado paternal conosco. Pode ser que nossa oração, por mais correta e justa que nos pareça, não seja “segundo a vontade de Deus” (I Jo 5.14).  Por isso, como Jesus no Getsêmani, devemos fazer a oração mais difícil, que é “Seja como tu queres… Faça-se a tua vontade” (Jo 26). Contudo, a prática da oração persistente e humilde, por si só, já é uma bênção.

No fim, quantos haverá orando persistentemente?

Jesus concluiu a parábola com este lamento: “Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?” (v.8b). A Bíblia A Mensagem traduz: “Mas a pergunta é: quanto dessa fé persistente o Filho do Homem vai encontrar na terra quando voltar” .

Esta é a mensagem:  Temos o dever de orar sempre, sem esmorecer, sem perder a fé, quaisquer que sejam as circunstâncias, quer o Senhor nos atenda de pronto ou  demore a fazê-lo. Conta-se que George Muller orou 30 anos pela conversão de três amigos. Antes de morrer, ele soube da conversão de dois deles. O terceiro converteu-se mais tarde.

Tenha fé! Ore sempre, não desanime, não desista! O Senhor está ouvindo.

Pr. Éber Lenz Cesar
eberlenzcesar@gmail.com
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