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Nosso Carnaval

Nosso Carnaval

Todos os anos, em fevereiro, o pensamento da maioria dos brasileiros é um só: Carnaval! Há os que sonham com o Carnaval o ano inteiro. Três dias de folga, prazer descontraído, samba e folia atraem mesmo. Além do mais, essa festa popular anual é, pelo menos em parte, uma expressão cultural, um folclore.

Todavia, há muitos que consideram o Carnaval um absurdo. Falam, criticam, denunciam… Há também os indiferentes, que não participam, mas também não criticam. Eu pessoalmente sou favorável ao Carnaval. E nem é por por seus aspectos culturais e folclóricos…  Aprovo o carnaval por outros motivos… E por estes,  acho até que devemos ter carnaval nas igrejas, e não só nesta época do ano, mas continuamente! Aliás, é o que temos feito, com mais ou menos empenho…

Agora, antes que eu seja mal compreendido e despojado do pastorado, quero explicar que há uma grande diferença entre a maneira como nós os cristãos celebramos o carnaval e a maneira como transcorre essa festa no mundo. O Carnaval oficial tem sofrido muitas mudanças através dos anos…

Os gregos antigos, já em 600 a.C., realizavam uma festa anual de gratidão aos deuses pela fertilidade do solo e pela produção. Em 590 d.C., a Igreja Cristã incorporou a festa, dando-lhe um novo sentido, ou seja,  o de purificação. Seria um tempo de dizer “adeus à carne”. Aliás, o termo Carnaval, do latim “carne vale”, significa exatamente isto. Neste sentido, o carnaval é bíblico!

O Carnaval bíblico.

O apóstolo Paulo escreveu aos cristãos Romanos que

“…os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito…  O pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz… Os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm 8.5-8).

Visto que o desejo de todo cristão verdadeiro é agradar a Deus, ele fará o seu carnaval, ou seja, dirá adeus à carne (e não só numa época do ano…).

Não será nada fácil, porque, como escreveu o mesmo apóstolo,

“A carne milita contra o Espírito, e o Espírito contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que porventura seja do vosso querer” (Gl 5.17).

Foi Paulo também quem recomendou aos cristãos de Colossos:

“Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lascívia, desejo maligno…” (Cl 3.5).

Essa “natureza terrena” é o que o apóstolo chamou de “carne” nas passagens citadas. Ele está dizendo que a “natureza terrena”, a “carne”, que pende para o pecado, que puxa para o mal, pode e deve ser enfraquecida sistematicamente, até à inanição. Assim o Espírito vencerá a luta! É um carnaval! Ver Rm 8.13.

O que aconteceu com o Carnaval?

Na Idade Média, as condições morais e espirituais da igreja eram péssimas. Os ensinos da Palavra de Deus tinham sido negligenciados. Foi então que os cristãos mais conscientes resolveram se abster dos pecados da carne pelo menos por uns quarenta dias (a Quaresma) antes da celebração da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, na chamada Semana Santa. Seria um carnaval de quarenta dias. (Só?)

Logo, muitos, considerando que teriam um prolongado jejum da carne, começaram a fazer uma festa de despedida da carne. Queriam aproveitar ao máximo os prazeres da carne, antes de se despedirem dela… Com o passar do tempo, o jejum de quarenta dias caiu no esquecimento, mas a festa de despedida da carne continuou…

O Carnaval deixou de ser um adeus à carne e transformou-se num bem-vindo à carne.

O Carnaval moderno, com desfiles e fantasias, é produto da sociedade vitoriana do século XIX (época da rainha Vitória, do Reino Unido). Posteriormente, Paris foi o principal modelo exportador da festa carnavalesca para o mundo.

Não se pode negar que o Carnaval dos nossos dias, celebrado em tantos países, é uma festa linda, colorida e criativa (com exceções). No Brasil, atrai turistas do mundo inteiro… e gera dinheiro. Muitos o veem como a “Festa da Alegria”. Lamentavelmente uma alegria superficial, forjada, efêmera, associada à cerveja, à sexualidade, à lascívia, à carne. Quando termina, há tristeza, frustração…  e consequências… Antes da era da camisinha e do aborto, muitos bebês indesejados nasciam exatos nove meses depois do Carnaval.

Mas, e o nosso Carnaval?

A despeito de tudo, minha palavra final é um convite para o carnaval, um carnaval verdadeiro e permanente, no seu sentido original: um adeus à carne. E isto porque “os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm 8.8). Mais que um convite, temos, na Bíblia, várias exortações neste sentido:

“Amados, exorto-vos… a vos absterdes das paixões carnais que fazem guerra contra a alma, mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios…” (I Pe 2.11-12).

Bem fazem muitas igrejas quando usam esses dias para um Retiro Espiritual. Durante os meus 13 anos e meio de pastorado na Igreja Presbiteriana das Graças, em Recife, PE, realizamos muitos retiros, alguns com mais 200 pessoas. Saudades!

 

Pr. Éber Lenz César (eberlenzcesar@gmail.com)

2 Comments

  1. Excelente artigo, mestre… Estou aqui debaixo de um pé de caju em Aracaju, numa paz que só o Eterno pode dar. Creio que as baterias daqueles que se retiram no período do carnaval para buscar mais intimidade com o Pai, mais comunhão com o corpo de Cristo, têm
    uma importância ímpar para a vida espiritual. Digo isto por experiência; inclusive estivemos oportunidade de comungar juntos… Agora, estar estrategicamente preparado para entrar em ação no meio do evento levando a mensagem de Cristo … Por esses dias, Ele me trouxe até aqui para ficar em descanso com Eliah, iniciando, assim, as comemorações dos nossos 25 anos de casamento… Abraço na Márcia… Graça&Paz.

  2. O melhor mesmo é nos afastar-mos de tudo isso e nos agrupar-mos,em retiro para orar-mos,porem muitos dos crentes hoje acha melhor aproveitar esses dias e vão com suas familhas para as praias e com isso fogem do compromisio de estar orando com os irmãos da fé.Tiram literalmente ferias da igreja.Infelismente.Edsom.

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