Comunhão
Este mundo está ficando cada vez mais globalizado, despersonalizado, massificado, automatizado… Nossos números são mais importantes que nossos nomes. Além disso, há muita desconfiança entre as pessoas, e também egoísmo e medo. Por tudo isto e mais, há por aí, em todos os níveis da população, uma quantidade enorme de aflitos e solitários, gente desconhecida que a ninguém conhece o suficiente para conversar, compartilhar, rir e chorar. Que falta faz uma pessoa amiga, capaz de ouvir, sensibilizar-se, encorajar, compartilhar, de igual para igual. Somos gregários por natureza; necessitamos de companhia, de comunhão.; gostamos de pertencer à família, ao grupo, à sociedade, à igreja.
Comunhão na igreja
Igreja? Principalmente. É nesta família maior, chamada “família de Deus” (Ef 2.19), que podemos e devemos desenvolver as amizades mais preciosas. De fato, os membros da igreja são mais que amigos, são “irmãos” (At 1.15).
Os cristãos do primeiro século entendiam de que eles eram uma só família, ainda que com muitos irmãos (Ef. 2.19), uma só videira, ainda que com muitos ramos (Jo 15.5); um só templo, ainda que feito com muitas pedras (II Pe 2.4). Eles “perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão” (At 2.42). Compartilhavam até mesmo seus bens materiais: “Todos os que creram estavam juntos, e tinham tudo em comum…” (At 2.44-45). Amavam uns aos outros (Jo 13.34-35); alegravam-se e choravam uns com os outros (Rm 12.15).
A maioria das igrejas hoje não vive essa comunhão, não assim. Contudo, ainda é na igreja que as pessoas experimentam a melhor comunhão.
O texto áureo da comunhão
Uma das passagens mais importantes da Bíblia sobre comunhão é I Jo 1.1-10. Vemos ali a base, a natureza, a condição e o resultado da verdadeira comunhão.
- A base da comunhão. É a proclamação e aceitação do Evangelho.
“O que temos ouvido, o que temos visto… e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida… anunciamos também a vós outros, para que vós igualmente mantenhais comunhão conosco” (vs.1-3).
A comunhão ocorre quando há evangelização e salvação.
- A natureza da comunhão. É vertical, primeiro, e horizontal, em seguida. João acrescenta:
“Ora, a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo” (v.3).
A comunhão com o Pai só é possível através do Filho (Jo 14.6; II Co 5.18-19). Tonamo-nos “filhos de Deus” quando recebemos o Filho de Deus em nossos corações (Jo 1.12; Ef 1.5). Estabelecida a comunhão vertical com o Pai e com o Filho, fica mais fácil usufruir da comunhão com os “irmãos”.
- A condição da comunhão. É andar na luz.
“Deus é luz, e não há nele treva nenhuma… se andarmos na luz como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros…” (vs. 5-7; Jo 8.12).
Se queremos ter comunhão com as pessoas, precisamos sair das trevas da hipocrisia, do fingimento, das aparências, do pecado oculto, disfarçado, e andar como “filhos da luz” (Ef 5.8). A comunhão exige transparência, olhos nos olhos, rostos ser véus, sem máscaras. Isto poderá envolver admissão de fraquezas e pecados. Por isso João escreveu: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos… Se confessarmos… Ele é fiel e justo para nos perdoar… e nos purificar…” (vs.8-9). A honestidade santifica!
- O resultado da comunhão. É, entre outras bênçãos, a alegria.
“Estas coisas, pois, vos escrevemos para que a vossa alegria seja completa” (v.4).
Grupos de comunhão
Na medida em que crescem, as igrejas tendem a se massificar. Seus membros vão perdendo a comunhão. A solução, além certos cuidados nas grandes reuniões, tem sido a formação de Pequenos Grupos, também chamados Grupos de Comunhão, Grupos Familiares e Células. Objetivos: Ler a Bíblia e orar juntos; compartilhar experiências e necessidades; preservar a comunhão e chamar outras para perto…
Se você ainda não conhece as alegrias da comunhão cristã, se ainda não frequenta regularmente uma igreja onde exista genuína comunhão, veja lá como está sua comunhão com o Pai e com o Filho. Receba Jesus em seu coração, se ainda não o fez. A igreja será uma consequência, posto que Jesus “amou a igreja e se entregou por ela” (Ef 5.25). Na carta aos cristãos hebreus, lemos esta recomendação:
“Consideremos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. NÃO DEIXEMOS DE CONGREGAR-NOS…” (Hb 12.24-25).
Aquelas pessoas na igreja querem e precisam ter comunhão com você, e acreditamos que você também precisa desta comunhão. Além dos cultos de adoração e estudo bíblico com toda a igreja, igrejas maiores geralmente têm ou precisam ter os referidos Grupos de Comunhão. Procure saber. Junte-se ao mais próximo de sua casa. Eu estou lhe dizendo estas coisas com o mesmo objetivo do apóstolo João: “para que nossa alegria seja completa”.
Pr. Éber Lenz César