A provisão e a bênção de Deus no trabalho
A provisão e a bênção de Deus no trabalho. Sl 127.1-2
O Salmo 127 divide-se naturalmente em duas partes. Os vs. 1-2 falam da necessidade e importância da bênção de Deus na vida humana, principalmente no trabalho. Os vs. 3-5 reconhecem a geração de filhos como uma grande bênção de Deus. Nesta reflexão, nosso interesse é a primeira parte, vs. 1-2.
Nestes versículos, o salmista menciona dois exemplos de atividade humana que, sem a bênção de Deus, não alcançarão resultados que poderiam alcançar.
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A inutilidade dos esforços humanos sem Deus.
O salmista vai ao ponto de dizer que todo trabalho humano que deixa Deus de lado é “vão” ou “inútil” . Esse veredito aprece três vezes nesses curtos versículos. Pode parecer radical, mas o salmista os usou justamente assim enfaticamente a fim de levar o leitor à renúncia total e decisiva da pretenção orgulhosa de viver e agir sem Deus, ignorando sua providência e bênção.
2. A providência e a bênção de Deus não excluem o trabalho humano
Seria uma deturpação do texto e do ensino geral das Escrituras deduzir, com base nesses versículos, que o trabalho humano como tal é “vão” ou “inútil”, ou seja, desnecessário. O salmista sabe que nenhuma construção pode ser feita sem o trabalho das mãos do homem; e certamente ele não aconselharia uma sentinela a negligenciar seu trabalho.
O trabalho é uma bênção de Deus; o homem deve e precisa trabalhar.
Jesus disse: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (Jo 5.17). Os cristãos de Tessalônica, com a desculpa de que Jesus voltaria logo, cruzaram os braços. Por isso, o apóstolo Paulo lhes escreveu:
“Se alguém não quer trabalhar, também não coma […]. De fato, estamos informados de que, entre vós, há pessoas que andam desordenadamente, não trabalhando […]. A elas, porém, determinamos […] que, trabalhando tranquilamente, comam o seu próprio pão” ( II Ts 3.10-12). Provérbios: “Em, todo trabalho há proveito”.
O v 2 do Salmo 127 pode ser melhor compreendido se o associamos ao que Jesus disse, em Mc 4.4, 26-29. Neste exemplo, o homem trabalha, semeia e, mais tarde, colhe o que plantou. Porém, alguma coisa mais acontece “enquanto ele dorme” e descansa. A semente germina e cresce, e “a terra por si mesma frutifica”. Essa é a parte de Deus, sua provisão e bênção. Sem a mesma e semeadura até pode ser feita, mas será “inútil”. Não haverá colheita.
Não há, portanto, da parte do salmista, a intenção de fazer parar os que trabalham, como se o seu pão fosse cair do céu. Antes, sua intenção é recomendar a atitude humilde que reconhece que Deus é quem dá sentido e produtividade ao seu trabalho. O salmista entende que o trabalhador coopera com Deus. Como escreveu o apóstolo Paulo: “De Deus somos cooperadores” (I Co 3.9)).
3. Oração e trabalho.
O apóstolo Tiago condenou as “arrogantes pretensões” dos que planejam trabalho ou empreendimentos sem orar antes e buscar a direção e a bênção de Deus (Tg 4.13-16). O rei Davi consultava o Senhor antes de qualquer empreendimento (II Sm 5.19-20). O Reformador Martinho Lutero disse uma vez: : “Tenho tanta coisa para fazer cada dia que não posso deixar de orar duas horas antes de começar o trabalho.” O Cel. Gordon Cooper Jr., à bordo da nave espacial Mercury 9, em maio de 1963, orou: “Pai, eu te agradeço por me permitires fazer este vôo. Agradeço o privilégio de estar aqui no alto vendo todas as coisas maravilhosas que tu criaste. Ajuda-nos a completar nossa missão com êxito.”
É isso aí. Sejamos humildes, crentes, e reconheçamos nossas limitações e necessidade da bênção e das provisões de Deus, nosso Pai, em tudo que fazemos. Para todo e qualquer trabalho, precisamos da bênção de Deus.
Éber Lenz César (eberlenzcesar@gmail.com)