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7 palavras de Cristo na cruz (VII)

VII. “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!”

 

A  última  palavra  de  Cristo  na  cruz  foi  uma  citação modificada de uma oração muito conhecida das crianças no Velho Testamento. Esta  era a primeira oração que as mães judias ensinavam aos seus filhos para que a dissessem à noite, antes  de dormir. Davi incluiu-a num dos seus salmos:

“Em ti,  Senhor,  me refugio…  Porque tu és a minha rocha e a minha  fortaleza… Nas tuas mãos entrego o meu espírito; tu me remiste, Senhor, Deus da verdade” (Sl 31.1,3,5).

Jesus,  então, enfrentou a morte citando as Escrituras, uma simples oração de criança. Tornou-a ainda mais bela e significativa acrescentando-lhe a palavra “Pai…”, e omitindo  a expressão  “Tu me remiste”. Sendo “santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores”, não tinha necessidade de  redenção  (Hb 7.26-27).

A singularidade da morte de Jesus.

É interessante observar que nenhum dos quatro evangelistas diz que Jesus morreu.

Mateus escreveu que “Jesus, clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito” (27.50).

Marcos diz que “Jesus, dando um grande brado, expirou” (15.37).

Lucas, que registrou a última e penúltima palavra de Cristo na cruz, anotou: “Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!  E, dito isto, expirou” (23.46).

João escreveu  que “Jesus… inclinando a cabeça, rendeu o espírito” (19.30).

Isto é muito importante porque indica que Jesus não morreu como nós morremos. Nós  somos obrigados a morrer; Jesus morreu voluntariamente. No seu caso, não houve “causa mortis”. Não se pode  dizer que  morreu  de  insolação,  de desidratação, de inanição, ou de parada cardíaca. Antes dessas  causas naturais chegarem ao seu fim, tirando-lhe a vida, Jesus, no momento preciso,  por ele mesmo escolhido, “entregou o espírito”.

De fato, Jesus tinha dito:

“Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a  vida pelas ovelhas… Por isso o Pai me ama, porque eu dou  a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la” (Jo 10.ll,l7,l8). Disse e fez.

Sendo assim, agiganta-se ainda mais, ante nossos olhos,  o amor do Calvário! O sacrifício de Cristo na cruz  foi consciente, voluntário, totalmente amoroso.

Os que morrem em Cristo.

Não  obstante  isso, esta última palavra de Cristo  na  cruz aplica-se a todos os verdadeiros crentes, pois indica de que modo devem enfrentar a morte: com uma Escritura ou uma oração nos lábios, com serenidade e esperança, na certeza de que seu espírito passará, imediatamente, às mãos do Pai Celestial.

  • Assim  o fez Estevão, o primeiro mártir da fé cristã.  Antes de morrer, ele “fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus,  e Jesus, que estava à sua direita, e disse: Eis que vejo os céus abertos  e  o Filho do homem em pé à destra de Deus…” E  orou: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito” (At 7.55,56,59).
  • Assim o fez Beethovem, crente em Jesus Cristo e surdo nos últimos anos de sua vida. Antes de morrer, ele disse: “No céu, eu poderei escutar.”
  • Assim o fez John Bunyan, autor de “O Peregrino”, o segundo livro mais lido no mundo. Olhando os que rodeavam o seu leito de morte, ele disse: “Não chorem por mim, pois breve estaremos juntos no céu.”
  • Assim  o  fez o grande evangelista Dwight Moody, no século XIX. Chegada a sua hora, ele disse: “O céu está se abrindo; Deus me chama.”
  • Assim fez um jovem chamado Daniel de Oliveira Gueiros, membro da Igreja Presbiteriana das Graças, em Recife, antes de dar o suspiro final. Ele ergueu os braços para o céu, punhos cerrados, e disse: “Vitória de Jesus!… Pai,  nas tuas mãos entrego o meu espírito.”

Felizes os que podem morrer assim!

 

Leia as outras mensagens desta série:

1. “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.”
2. “Hoje estarás comigo no paraíso.”
3. “Mulher, eis aí teu filho…”
4. “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”
5. “Tenho sede!”
6. “Está consumado!”
 

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Pr. Éber Lenz César (eberlenzcesar@gmail.com

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